Sempre que alguém tem medo, cria um grande ego para rodear o medo e vai inchando esse ego, até que é muito grande. Adolf Hitler, Idi Amin de Uganda… esse tipo de pessoas estão muito inchadas. Então começam a assustar a outros.
Devem saber que qualquer pessoa que tente assustar a outros, no fundo tem medo, se não, por que o faz? Que sentido tem? Quem vai se incomodar em te assustar se ele mesmo não tiver medo?
A gente que está cheia de medo assusta a outros para poder descansar tranquila. Sabem perfeitamente que não lhes tocarão, que não vão ultrapassar seus limites. Veja bem, é exatamente o caso de que estou falando. Não lute com o ego. Mas observa-o e tenta aceitá-lo. É natural… faz parte da vida. Não é necessário escondê-lo; não é necessário dissimular. Está aí, todos os seres humanos estão cheios de medo. Forma parte da humanidade. Aceita-o, o ego desaparece assim que o aceita, porque então já não tem sentido que o ego siga existindo. Lutar com o ego não servirá de nada; Aceitar o ego te ajudará automaticamente.
Então sabe que sim, somos muito pequenos dentro deste vasto universo, como é possível não ter medo? A vida está rodeada de morte, como é possível não ter medo? Podemos desaparecer em qualquer momento… uma tolice vai mau e desaparecemos, como é possível não ter medo? Se o aceitar, o medo desaparecerá pouco a pouco porque já não tem razão de ser. Aceita-o, dá por feito que existe, é assim!
Não invente nada para escondê-lo. Se não inventar nada contra o medo, este desaparece. Não estou dizendo que não tenha temores, estou dizendo que não te assuste. O medo seguirá existindo, mas não te assustará. Entende? Estar assustado significa estar contra o medo, não quer que exista, mas existe. Quando o aceita… Igual a todas as árvores são verdes, a humanidade está cheia de medo. O que se pode fazer? As árvores não estão escondendo-se. Todo mundo está destinado a morrer. O medo é a sombra da morte. Aceita-o!
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A meditação deveria ser um refúgio interno, um altar interno. Sempre que sentir que o mundo é muito para ti, pode ir a seu altar interno. Pode te dar um banho em seu ser interno. Pode rejuvenescer. Pode sair ressuscitado: de novo vivo, jovem, renovado… para viver, para ser. Mas também deveria ser capaz de amar às pessoas e fazer frente aos problemas, porque um silêncio impotente que não pode fazer frente aos problemas não é um grande silêncio, não vale muito. Só deve desejar e desejar um silêncio que possa fazer frente aos problemas mas seguindo em silêncio.
Eu gostaria de te dizer estas duas coisas: primeiro começa a meditar… porque sempre é bom começar do centro mais próximo de seu ser, e é a meditação. Mas não fique parado aí. A meditação deveria transformar-se, florescer, abrir-se e converter-se em amor. Não se preocupe, não o converta em um problema, não o é. Simplesmente é humano, é natural. Todo mundo tem medo, tem que ser assim. Mas a vida funciona de maneira que tem que ter medo. As pessoas que perdem o medo, não o perdem porque se voltem corajosos, já que uma pessoa corajosa só está reprimindo seu medo; em realidade, não é que não tenha medo. Uma pessoa perde o medo quando aceita seus medos. Não é uma questão de coragem. Simplesmente é analisar os fatos da vida e dar-se conta de que é natural ter medo. A gente aceita os medos!
O problema surge quando quer rechaçá-los. Ensinaram-lhe uns ideais ególatras: «Sei corajoso. » Que tolice! Bobagens! Como pode um homem inteligente evitar ter medo? Se for estúpido não terá medo. O condutor do ônibus toca a buzina enquanto você está em meio da rua, sem sentir medo. Ou te vai investir um touro e você está aí de pé, sem sentir medo. Mas é estúpido! Um homem inteligente tem que sair do caminho. Se te converter em um viciado e começa a procurar serpentes em um matagal, então tem um problema. Se não haver ninguém na estrada mas tem medo e sai correndo, então tem um problema; se não, o medo é algo natural.
Quando digo que perca o medo, não me refiro a que não haverá temores na vida. Chegará a te dar conta de que noventa por cento dos medos são pura imaginação. Dez por cento são reais, e tem que aceitá-los. Não converto às pessoas em corajosos. Devolvo a eles para ser mais receptivos, sensíveis, atentos, e sua atenção é suficiente. Dão-se conta de que seus medos também podem servir de degraus. Não lhes preocupem, de acordo?
Trecho dos livro Coragem de Osho