Atenção plena é saber, ou presença da atenção. -Ajahn Chah

Atenção plena é saber, ou presença da atenção. Exatamente agora o que estamos pensando, o que estamos fazendo? O que temos conosco exatamente neste instante? Observamos dessa forma, estamos conscientes de como estamos vivendo. Quando praticamos dessa forma, a sabedoria pode surgir. Nós consideramos e investigamos todo o tempo, em todas as posturas. Quando uma impressão mental surge e queremos conhecê-la tal como ela é, nós não a tomamos como sendo algo com substância. É apenas felicidade. Quando a infelicidade surge sabemos que se trata da entrega à dor, não é o caminho de um meditador.

Isto é o que chamamos de separar a mente da sensação. Se formos espertos não nos apegamos, deixamos as coisas como são. Nos tornamos “aquele que sabe’. A mente e a sensação são como óleo e água, elas estão na mesma garrafa mas não se misturam. Mesmo se estivermos enfermos ou com dor, ainda assim entenderemos a sensação como sensação, a mente como mente. Conhecemos os estados desconfortáveis ou confortáveis mas não nos identificamos com eles. Somente permanecemos com a paz, a paz que está além do conforto e da dor.

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Moralidade é o pai e a mãe do Dhamma. No começo, precisamos da moralidade. Moralidade é paz. Isso significa que não há ações erradas no corpo ou na fala. Quando fazemos algo errado, então ficamos agitados; quando não ficamos agitados, paz e compostura surgem dentro da mente.

Então, dizemos que a moralidade, a concentração e a sabedoria são o caminho pelo qual os Nobres caminharam para a iluminação. Elas são todas uma só. Moralidade é concentração, concentração é moralidade. Concentração é sabedoria, sabedoria é concentração. É como uma manga. Quando é uma flor, a chamamos de flor. Quando se torna uma fruta, a chamamos de manga. Quando ela amadurece, a chamamos de manga madura. São todas a mesma manga, mas ela muda continuamente. A manga grande cresce a partir de uma manga pequena, a manga pequena se torna a manga grande. Você pode chamá-las de frutas diferentes ou como uma única. Moralidade, concentração e sabedoria são todas inter-relacionadas dessa forma. No fim, são todas o caminho que leva à iluminação.

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Por isso o Buda nos disse para meditar. Essa prática de meditação é muito importante. Somente conhecer com o intelecto não é suficiente. O conhecimento que é obtido através da prática com uma mente tranqüila e o conhecimento que é obtido através do estudo são dois tipos realmente muito distintos. O conhecimento que é obtido através do estudo não é o verdadeiro conhecimento da nossa mente. A mente tenta agarrar e manter esse conhecimento. Porque tentamos mantê-lo? Solte-o ! E então quando o soltamos, lamentamos!

Se realmente tivermos o conhecimento, então poderemos nos soltar de tudo, que as coisas sejam como são. Sabemos como as coisas são e não nos esquecemos. Se acontecer de ficarmos enfermos não nos perderemos nisso. Algumas pessoas pensam, “Este ano estive enfermo todo o tempo, não pude nunca meditar”. Essas são as palavras de uma pessoa realmente tola. Alguém que esteja enfermo e morrendo deve realmente ser diligente na sua prática. Uma pessoa pode dizer que não confia no seu corpo e por isso sente que não consegue meditar. Se pensarmos assim então as coisas ficarão difíceis. O Buda não ensinou dessa forma. Ele disse que aqui mesmo é o lugar para meditar. Quando estamos enfermos ou morrendo é quando podemos realmente ver e conhecer a realidade.

Outras pessoas dizem que elas não têm a oportunidade de meditar porque estão muito ocupadas. Algumas vezes professores me procuram. Eles dizem que possuem muitas responsabilidades e por isso não têm tempo para meditar. Eu lhes pergunto, “Quando vocês estão ensinando, vocês têm tempo para respirar?” Eles respondem, “Sim”. “Portanto como que vocês têm tempo para respirar se o trabalho é tão agitado e confuso? Nesse caso, vocês estão distantes do Dhamma.”

Na realidade, esta prática é justamente sobre a mente e as sensações. Não se trata de algo que você tenha de correr atrás ou se esforçar. A respiração continua enquanto trabalhamos. A natureza toma conta dos processos naturais – tudo que precisamos fazer é estar atentos. Continuar tentando apenas, ver internamente com clareza. A meditação é assim.

Se tivermos essa atenção presente, então todo trabalho que façamos será a ferramenta que nos permitirá continuamente saber o que é certo e o que é errado. Existe muito tempo para meditar, nós apenas não entendemos a prática de forma completa, isso é tudo. Enquanto estamos dormindo, respiramos; comendo, respiramos, não é mesmo? Porque não temos tempo para meditar? Onde quer que seja que estejamos, respiramos. Se pensarmos dessa forma então a nossa vida tem tanto valor quanto a nossa respiração, onde quer que estejamos, temos tempo.

Texto completo em http://www.ajahnchah.org/portugues/a_paz_que_esta_mais_alem.php

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