P: Alguns psicólogos ocidentais acreditam que a agressividade é uma parte importante e necessária da natureza humana, que a raiva é um tipo de força positiva, mesmo que às vezes traga problemas às pessoas. Qual a sua opinião sobre a raiva e a agressão?
Lama : Eu incentivo as pessoas a não expressarem sua raiva, não a deixarem vir à tona. Em contrapartida, peço às pessoas que entendam o motivo por que ficaram bravas, a causa e como surgiu esse sentimento. Quando você percebe essas coisas, ao invés de manifestá-la externamente, você digere sua raiva. No ocidente, alguns povos acreditam que você começa a se livrar da raiva expressando-a, que você acaba com a raiva quando ela extravasa.
Realmente, nesse caso o que acontece é que você deixa uma marca em sua mente para ficar outra vez irritado. O efeito é justamente o oposto do que se acredita. Parece que a raiva sumiu, mas na verdade você está coletando mais raiva em sua mente. As marcas que a raiva deixa em sua consciência simplesmente reforçam sua tendência a responder às situações com mais raiva. Mas não permitir que a raiva extravase não significa que você a está suprimindo, a acumulando. Isso é também perigoso. Você tem que aprender a investigar a natureza mais profunda da raiva, da agressão, da ansiedade ou o que quer que cause seus problemas. Quando você observar a natureza mais profunda da energia negativa, verá que é realmente, completamente insubstancial, que é apenas mente. Conforme sua expressão mental muda, a energia negativa desaparece, digerida pela sabedoria que compreende a natureza do ódio, da raiva, da agressão e assim por diante.
P: De onde veio o primeiro momento de raiva; a raiva que deixou uma marca após a outra?
Lama : A raiva vem do apego ao prazer dos sentidos. Verifique. Esta psicologia é maravilhosa, mas pode ser difícil de compreender. Quando alguém se aproxima de algo a que você está muito apegado, você se apavora. O apego é a fonte da raiva.
Lama Yeshe no livro Faça de sua mente um oceano
Muito interessante um contraponto à ideia que temos de que a raiva deve ser expressada e até guiar certas atitudes. E boa a ressalva de que não expressar a raiva não significa reprimi-la.
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Sim, esse ponto que acho interessante demais. Eu mesmo passo por momentos de raiva, é muito difícil lidar. Observar ela sem julgamento e criação de mais pensamentos tem ajudado muito, mas não sei se assim estou reprimindo ou não. Em alguns momentos ela (a raiva) se transforma. Em outros ela some simplesmente
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