De fato, a palavra liberdade em si é um termo relativo: liberdade de algo [por exemplo. impaciência], caso contrário não haverá liberdade. E, como é a libertação de algo, é preciso primeiro criar a situação certa, que é a paciência. Esse tipo de liberdade não pode ser criado por alguém de fora ou por alguma autoridade superior. É preciso desenvolver a capacidade de conhecer a situação. Em outras palavras, é preciso desenvolver uma consciência paranômica, uma consciência onipresente, conhecendo a situação naquele exato momento. Trata-se de conhecer a situação e abrir os olhos para esse exato momento de abandono, e isso não é particularmente uma experiência mística ou algo misterioso, mas apenas uma percepção direta, aberta e clara do que é agora sem ser influenciado pelo passado ou qualquer expectativa do futuro, mas apenas vendo o exato momento do agora, então nesse momento não há barreira alguma.
Pois uma barreira só poderia surgir da associação com o passado ou expectativa do futuro. Portanto, o momento presente não tem barreiras. E então ele descobre que há uma tremenda energia nele, uma força tremenda para praticar a paciência. Ele se torna como um guerreiro. Quando um guerreiro vai para guerra (uma espiritual; não física) da qual ele deve participar ele não pensa no passado ou em sua experiência anterior de guerra, nem nas consequências para o futuro; ele apenas navega através disso e luta, e esse é o caminho correto para ser um guerreiro. Da mesma forma, quando há um tremendo conflito, é preciso desenvolver essa energia combinada com paciência. E isso é conhecido como paciência correta com o olho que tudo vê, paciência com clareza.
– Chögyam Trungpa no livro O Mito da Liberdade e o Caminho da Meditação
PS: tem muitas coisas que ele diz que demoro pra entender, essa é uma delas… 🙂