O bodhisattva encanta-se em lidar com as pessoas, em vez de considerar a ação compassiva como um dever. Ele não segue dogmas de como deve agir ou de como as outras pessoas devem ser. Não procura reformar ou transformar alguém por não se ajustar ao seu estilo. Se as pessoas estão decididas a converter os outros aos seus próprios moldes, então estarão tentando se reafirmar, usando os conver tidos para atenuar as suas próprias dúvidas.
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A disciplina do bodhisattva é relacionar-se com a terra ajustadamente, relacionar-se perfeitamente com os próprios sentidos e com a mente. Ele não está interessado em fenômenos psíquicos ou em outros mundos. Ignorar a terra e perseguir fenômenos psíquicos assemelha-se à brincadeira infantil de procurar ouro na ponta de um arco-íris. Não precisamos nos ocupar com o mundo cósmico, com o mundo dos deuses, com poderes psíquicos, com anjos ou demônios. Agir assim pode nos levar a perder de vista o mundo material em que vivemos, e isso tem como conseqüência a loucura. A prova de sanidade mental do bodhisattva é o quanto ele, direta mente, se relaciona com a terra. Qualquer outra coisa é um desvio.
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0 bodhisattva aprecia as polaridades, mas não adota qualquer lado. Ele aceita aquilo que ali existe como mensagem, investiga-a progressivamente, e o conflito entre as polaridades torna-se sua inspiração. Para sermos comunistas, é preciso que tenhamos um modelo daquilo que não o seja, o que significa —devemos entender o capitalismo, pois o capitalismo será nossa inspiração ao comunismo. A inspiração do bodhisattva é a guerra entre a mentalidade desperta e a mentalidade samsárica: a mentalidade samsárica é a inspiração à mentalidade desperta.
Chogyan Trungpa em O Mito da Liberdade e a Prática da Meditação
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