… a nossa é uma era de frustração, ansiedade, agitação e vício em alguma “droga”. De alguma forma, devemos agarrar o que podemos enquanto podemos e pôr debaixo do tapete a percepção de que é tudo fútil e sem sentido. A “droga”é nosso alto padrão de vida, um estímulo dos sentidos complexo e violento que nos torna progressivamente menos sensíveis e, portanto, faz com que precisemos de ainda mais estímulos violentos. Somos sedentos de distração –um panorama de imagens, sons, experiências e excitações no qual o máximo possível deve ser incluído no menor tempo possível. Para manter esse “padrão”, a maioria de nós se dispõe a viver de uma maneira que consiste em fazer trabalhos que são um tédio, a fim de conquistar uma possibilidade de aliviar esse tédio durante intervalos de prazer caro e frenético. Esses intervalos são tidos como a vida real, o objetivo real por trás do mal necessário que é o trabalho.
Alan Watts em A Sabedoria da Insegurança. Livro publicado em 1951. Poderia ter sido ontem.