Há um provérbio oriental que diz: “Quando o arqueiro dispara gratuitamente, tem consigo toda a sua habilidade”. Quando ele dispara esperando ganhar um troféu de bronze, está meio nervoso. No momento em que dispara para ganhar uma medalha de ouro, fica louco pensando no prêmio e perde metade de sua habilidade, pois já não vê só um alvo, mas dois. Sua habilidade na verdade não mudou, mas é o prêmio que a reduz, pois o desejo de ganhar tira do homem a alegria e a felicidade de realizar o disparo. Ficam presas à sua habilidade as energias que ele precisaria ter livres para fazer um bom disparo. O desejo do triunfo e o resultado para conseguir o prêmio transformam-se em inimigos que lhe tiram a visão, a harmonia e o prazer. (de um livro de Anthony de Mello)
Onde o dinheiro se infiltra o resultado sempre é distorção. Em qualquer lugar, religião, filosofia, o que for, onde o objetivo é o ganho de dinheiro ou fama, para que isso ocorra, é quase sempre necessário inventar algo novo, afinal nós estamos viciados em novidades. A mesmice nos causa um tédio que é quase insuportável.
Uma das funções da meditação é exatamente essa: fazer com que nós fiquemos em paz diante do estresse, do normal, diante do tédio, diante do medo, e evitar que nossa mente fique o tempo todo em busca de novas meditações, de novos guias ou gurus, um retiro com uma abordagem “nova”, de novas teorias quânticas mirabolantes que nada tem a ver com o quântico da física e isso tudo porque queremos novidades, queremos uma cura pronta, uma cura que venha embalada em frases prontas que podemos recitar pela manhã ao acordar e ao adormecer a noite e então, ao recitar, um milagre (quântico?) ocorrerá e nos salvará. Nós precisamos acordar…
(E*)
* esse E é para sinalizar que o texto foi escrito por mim, pode acontecer de eu esquecer que escrevi.
PS: para os que estão começando fique atento ao “professores” que induzem a cobrança de algo, em dinheiro ou seja lá o que for.
Respire. Agora 