As armadilhas do Ego
Se você pensa que é mais “espiritual” ir de bicicleta para o trabalho ou usar transporte público mas se pega julgando todos que usam carro então você está numa armadilha do Ego.
Se você acha que é mais “espiritual” parar de ver televisão porque ela deteriora seu cérebro, mas se pega julgando todos que assistem TV então você está numa armadilha do Ego.
Se você acha que é mais “espiritual” evitar ler sobre fofocas, notícias violentas e fúteis e então se pega julgando aqueles que fazem então você está numa armadilha do Ego.
Se você acha que é mais “espiritual” escutar música clássica ou os sons da natureza em músicas da Nova Era, mas julga as pessoas que escutam música pop então está numa armadilha do Ego.
Se você acha mais “espiritual” ser vegetariano, fazer yoga, meditar, comer somente orgânicos, praticar Reiki, só ler livros sobre a tal Iluminação, mas se pega julgando as outras pessoas que não fazem nada disso então você está numa armadilha do Ego.
Todo sentimento de superioridade em qualquer nível é uma armadilha do Ego. Superioridade, julgamento e condenações, tudo uma grande e bem elaborada armadilha do Ego.
(Mooji)
O Ego se afirma e se fortalece como pode, o que estiver ao seu alcance ele usará e com a espiritualidade não é diferente, aliás é até muito mais atraente porque a pessoa parece passar por “uma verdadeira transformação” quando na verdade o Ego está começando a tomar as rédeas da situação em seu benefício. Surge então o Ser Espiritual, O Espiritualizado, O Religioso, O Senhor da Razão e Sabedoria. Tudo isso nada mais é que outra faceta do Ego se sobrepondo ao Self. Isso ocorre em todas as religiões, nenhuma (mesmo!) está livre enrascada.
No Espiritismo:
Joanna de Ângelis em suas orientações relacionadas aos aspectos psicológicos do ser humano é influenciada pelas ideias de Carl Gustav Jung.
Self: O Si mesmo é o centro de toda a personalidade. É dele que emana todo o potencial energético de que a psique dispõe. É o ordenador dos processos psíquicos.
De acordo com Jung “O Si mesmo representa o objetivo do homem inteiro, a saber, a realização de sua totalidade e de sua individualidade”.
O Self verdadeiro vem de dentro para fora e se baseia em escolhas conscientes. Quanto maior o autoconhecimento, mais livre se torna o indivíduo no resgate da sua essência verdadeira.
Ego: O “ego” é o centro da consciência inferior, diferente do Eu, que é centro superior da consciência. É a soma total dos pensamentos, ideias, sentimentos, lembranças e percepções sensoriais. É a concepção que a pessoa faz de si mesma.
No Budismo:
O ego é capaz de converter tudo para seu uso próprio, inclusive a espiritualidade. Se aprendemos, por exemplo, uma técnica de meditação dentro de uma prática espiritual particularmente benéfica, o ego se põe, primeiro, a tratá-la como um objeto de fascinação e, depois, a examiná-la. Por fim, visto que o ego é sólido apenas na aparência e não pode, de fato, absorver coisa alguma; só é capaz de arremedar. Em tais circunstâncias, ele procura examinar e imitar a prática da meditação e o modo de vida meditativo.
Depois de aprendermos todos os truques e todas as respostas do jogo espiritual, tentamos imitar automaticamente a espiritualidade, já que o envolvimento verdadeiro exigiria uma completa eliminação do ego, e a última coisa que desejamos fazer é renunciar completamente a ele. Entretanto, não podemos experimentar aquilo que estamos tentando imitar; podemos apenas encontrar alguma área dentro dos limites do ego que pareça ser a mesma coisa. O ego traduz tudo em termos do seu próprio estado de saúde, de suas qualidades intrínsecas. Experimenta um sentido de grande realização e excitação quando consegue criar um modelo desse tipo.
Finalmente criou um feito tangível, uma confirmação de sua própria individualidade. Se formos bem-sucedidos em manter a consciência que temos de nós mesmos através de técnicas espirituais, o desenvolvimento espiritual autêntico será altamente improvável. Nossos hábitos mentais se tomam tão fortes que fica difícil penetrá-los. Podemos até chegar ao desenvolvimento totalmente demoníaco da completa “Egoidade”. (“Além do materialismo espiritual“ Chögyam Trungpa Rinpoche.