Uma técnica simples de varredura corporal

As técnicas de atenção plena ao corpo nunca deveriam ser subestimadas, sua força e poder de cura e proteção podem ser experimentadas por quem se utilizada delas.

A varredura do corpo é uma técnica muito eficaz para diminuir a dor. Além disso é excelente na redução da ansiedade.

Vários professores, como Shinzen Young e Jon-Kabat-Zinn, fundador e diretor da Clínica de Redução de Stress, do Centro Médico da Universidade Massachussets, usam essa técnica para ajudar as pessoas a reduzirem a dor crônica.
No livro Full Catastrophe Living, Jon Kabat-Zinn descreve da seguinte maneira a teoria que apoia a técnica da varredura corporal.
Qualquer sentimento profundo… que você tenha sobre o seu corpo não pode mudar até que mude a experiência que você tem dele.
Quando investimos energia no sentido de realmente experimentar nosso corpo e nos recusamos a nos deixar apanhar na camada de pensamentos e julgamentos a seu respeito, a visão que temos dele e de nós mesmos pode mudar drasticamente…
Na varredura do corpo, você deve se deter em cada região que focalizar e senti-la, com a mente dentro dela ou voltada para ela.
Respire algumas vezes a partir de cada região e libere-a mentalmente, voltando a atenção para a região seguinte.
Ao soltar mentalmente as sensações, os pensamentos ou as imagens interiores a ela associados, os músculos dessa região se soltam também, alongando e liberando boa parte da tensão que acumularam. (fonte)

Uma técnica simples de varredura corporal.

A ideia da varredura corporal é focalizar o corpo com um microscópio. Você pode fazer a varredura na posição habitual de meditação ou deitado de costas. A descrição é curta, mas leve o tempo que for necessário para fazer o exercício com eficácia.
Os pacientes da Clínica de Massachussets fazem uma varredura diária de 45 minutos. Procure imitá-los ao fazer este exercício.
1. Acomode-se e sinta o corpo inteiro. Feche os olhos. Respire fundo várias vezes. Relaxe totalmente.
2. Leve a atenção para os dedos do pé esquerdo. Concentre-se na sensação de cada dedo. Dirija a respiração para cada um deles, em cima, no meio e em baixo. Deixe que a respiração entre e saia de cada um dos dedos começando com o dedão e indo até o dedinho.
3. Vá dos dedos para o pé e observe a sensação. Dirija a respiração para o pé. Observe a inspiração e a expiração no pé. Observe se há tensão e, se houver, visualize essa tensão saindo do corpo com a expiração. Ao inspirar, visualize o ar trazendo àquele lugar a energia da revitalização e do rejuvenescimento.
4. Quando terminar a varredura do pé esquerdo, comece a subir pela perna. Sinta as sensações de cada parte da perna: barriga da perna, joelho, coxa. Dirija a respiração para os componentes da perna: tecidos, células.
5. Continue esse processo e suba lentamente da perna esquerda para a parte esquerda da pélvis. Faça a varredura com consciência, inundando a área com a respiração.
6. Traga lentamente a atenção para os dedos do pé direito. Repita o mesmo processo de varredura até atingir a parte direita da pélvis. Percorra-a com consciência. Inunde a área. Transforme a respiração num raio laser de cura.
7. Quando terminar de fazer a varredura da parte direita da pélvis, faça a atenção subir lentamente para o torso. Imagine que o corpo está dividido em seções transversais de uns oito centímetros. Ao subir, examine toda a parte de dentro de cada uma dessas seções: o abdômen, as costas, a medula espinhal. Concentre toda a atenção em cada seção e respire a partir de cada uma delas. Observe se há alguma coisa bloqueando a respiração. Veja se há alguma tensão e, se houver, visualize-a saindo de seu corpo a cada expiração. Visualize depois de cada inspiração: ela traz vitalidade, energia e rejuvenescimento àquela área.
8. Continue a subir pelo peito, pelas costas e pelos ombros. Quando terminar de percorrer essas áreas e de respirar a partir delas, traga a atenção par aos dedos das mãos.
9. Respire lenta e simultaneamente pelos dedos das duas mãos, depois suba para os braços e para os ombros. No caminho, preste atenção nos pulsos, nos cotovelos e nos bíceps.
10. Quando atingir a parte de cima dos ombros, comece a percorrer o pescoço. Respire lentamente a partir do ponto em que ele se liga aos ombros. Suba lentamente pelo pescoço e pela garganta, indo para a base do crânio.
11. Dirija a atenção para o crânio. Inspire e expire a partir do rosto, da nuca, do topo da cabeça, do nariz, dos ouvidos, dos olhos.
12. Dirija a atenção ao topo da cabeça. Imagine que há um buraco, como o de uma baleia, no topo de sua cabeça. Deixe que o ar entre por ele, atravesse todo o seu corpo e saia pelos dedos dos pés.
13. Agora, inspire pelos dedos dos pés e faça com que o ar suba pelo corpo e saia pelo buraco no topo da cabeça.
14. Relaxe por vários minutos. Faça um exame calmo e consciente do corpo. Abra os olhos devagar e comece a transição para a atividade.

Você pode preferir usar esse vídeo de meditação guiada para atenção plena no corpo

https://www.youtube.com/watch?v=TxRxlhenGwI

SENTINDO O CORPO INTERIOR
Embora a identificação com o corpo seja uma das formas mais básicas do ego, o lado bom disso é que, na maioria das vezes, temos condições de superar essa questão. Não fazemos isso tentando nos convencer de que não somos nosso corpo, e sim desviando a atenção da nossa aparência física e dos pensamentos sobre ela – beleza, feiúra, força, fraqueza, gordura, magreza – para a sensação da energia vital interna. Não importa o aspecto do corpo no plano exterior, pois, além disso, ele é um campo energético intensamente vivo.
Se você não tem familiaridade com a consciência do “corpo interior”, feche os olhos por um momento e descubra se existe vida dentro das suas mãos. Não pergunte à sua mente. Ela responderá: “Não sinto nada.” Também é provável que diga: “Dê-me algo mais interessante sobre o que pensar.”
Então, em vez de dirigir a pergunta a ela, vá direto para suas mãos. Com isso quero dizer o seguinte: torne-se consciente do sentimento sutil de vida que há nelas. Para percebê-lo, basta manter-se atento. Você poderá ter uma ligeira impressão de tremor no início e, depois, uma sensação da energia vital. Caso se concentre em suas mãos por alguns instantes, a sensação dessa energia se tornará mais intensa. Há pessoas que nem sequer precisam fechar os olhos.
Elas são capazes de sentir suas “mãos interiores” ao mesmo tempo em que lêem este texto. Em seguida, passe para os pés, fixe a atenção neles por cerca de um minuto e comece a sentir as mãos e os pés simultaneamente. Por fim, inclua outras partes do corpo – pernas, braços, abdômen, tórax, e assim por diante – até estar consciente do corpo interior como uma sensação global de energia vital.
O que chamo de “corpo interior” já não é mais o corpo, e sim energia vital, a ponte entre a forma e o informe. Adquira o hábito de sentir o corpo interior sempre que for possível. Depois de um tempo, você não precisará mais fechar os olhos para isso. Por exemplo, veja se é capaz de senti-lo sempre que estiver escutando alguém. Chega a ser quase um paradoxo: quando estamos em contato com nosso corpo interior, não estamos mais identificados nem com o corpo nem com a mente. É o mesmo que dizer que não nos identificamos mais com a forma, que estamos nos afastando dessa situação e indo em direção ao sem forma, que podemos também chamar de Ser. Isso é nossa identidade essencial. A consciência do corpo não só nos ancora no momento presente como é uma passagem para fora da prisão que é o ego. Além disso, fortalece o sistema imunológico e a capacidade que o corpo tem de curar a si mesmo.
(Eckhart Tolle em Novo Mundo)

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