Nessa parte do livro O Mito da Liberdade e o Caminho da Meditação, Chogyan Trungpa, está falando sobre o Meio de Vida Correto que faz parte do Nobre Caminho Óctuplo. Como já mencionei anteriormente em algumas partes tenho dificuldade em entender o que ele fala e descobri que se eu ler mais devagar e com maior atenção fica mais fácil entender. Era isso que queria dizer antes do trecho dele:
“Estamos todos familiarizados com a disciplina do tipo samsárico, que visa o auto-aperfeiçoamento. Desistimos de tudo com o propósito de nos tornarmos “melhores”, o que nos provê uma reafirmação extraordinária de que podemos fazer algo com as nossas vidas. Essa forma de disciplina é apenas uma complicação desnecessária de nossa vida em vez da tentativa de simplificar e viver a vida de um rishi. Rishi é um termo sânscrito usado para as pessoas que levam uma vida correta continuamente. A palavra tibetana para rishi é trangsong (drang sron). Trang significa “franco”, e song significa “reto”. O termo, pois, refere-se àquele que leva uma vida franca e reta, sem introduzir novas complicações à sua situação de vida. Esta é a disciplina permanente, a disciplina suprema. Simplificamos a vida em vez de nos ocuparmos com novos artifícios ou de procurarmos novos temperos para acrescentar a ela.
O quinto ponto concerne à “subsistência correta“. De acordo com o Buda, subsistência correta é, simplesmente, ganhar dinheiro pelo trabalho, ganhar dólares, libras, francos, pesos. Para comprar comida e pagar o aluguel, necessitamos de dinheiro. Isso não nos é uma imposição cruel. Trata-se de uma situação natural. Não devemos ficar constrangidos por lidar com dinheiro, nem ressentidos por ter de trabalhar. Quanto mais energia pomos para fora, mais energia absorvemos. Ganhar dinheiro nos envolve em tantas situações inter-relacionadas que elas acabam permeando toda a nossa vida. Evitar o trabalho geralmente também se refere a evitar outros aspectos da vida. As pessoas que rejeitam o materialismo da sociedade americana e se colocam à parte dela, não estão dispostas a se encararem. Elas preferem confortar-se com a noção de que estão levando vidas filosoficamente virtuosas em vez de compreenderem que não se sentem dispostas a lidar com o mundo como ele é. Não podemos esperar pela ajuda de seres divinos. Se adotarmos doutrinas que nos levem a esperar por bênçãos, então não estaremos abertos às possibilidades reais das situações.”
Chogyan Trungpa em O Mito da Liberdade e o Caminho da Meditação