Um ponto importante a lembrar é que todas as informações que coletamos, também filtramos, então o que nos resta é um tipo muito particular de entendimento único para nós mesmos. Esse entendimento não é realização. Não é nem mesmo uma experiência. É como um remendo que acabará caindo. É bom ser coberto por remendos de compreensão porque, mais cedo ou mais tarde, eles estão fadados a cair para que a experiência possa ser revelada. No entanto, também devemos estar cientes de que viver com todas essas manchas prolongará o tempo que gastamos no caminho para a iluminação. Quanto tempo realmente nos resta nesta vida? 20 anos? Trinta, se tivermos sorte? Dado que tudo que entendemos até agora nada mais é do que um remendo que mantém unida nossa versão do samsara, algum de nós está realmente disposto a passar mais dez anos acreditando nessa realidade? Devemos, portanto, estar preparados para descascar esses remendos. Mas esteja ciente de que, uma vez que a casca interna tenha sido exposta, é possível confundi-la com a fruta, por isso devemos estar sempre prontos para aceitar que é apenas outra casca. Este não é um princípio que aplicamos apenas para ouvir, contemplar ou ler; é ainda mais relevante quando meditamos. Isso é o que significa o ditado tibetano: “A experiência é como uma névoa pela manhã. Vai evaporar. ”
– Dzongsar Khyentse Rinpoche