Se você tiver compreendido isso, está pronto para entender a diferença, a grande diferença entre espiritualidade e moralidade, duas coisas que são constantemente confundidas. A vida espiritual, a vida de Yoga, tem por objetivo crescer em direção à Consciência Divina e, como resultado, purificar, intensificar, glorificar e aperfeiçoar aquilo que está em você. Ela o transforma num poder para a manifestação do Divino, eleva o caráter de cada personalidade a seu valor total eleva-o à sua expressão máxima, porque isto é parte do plano Divino. A moralidade procede de uma formação mental e, com algumas ideias sobre o que é bom ou não, elege um tipo ideal com o qual todos devem se parecer. Dependendo da época e do lugar, este ideal moral difere nos seus componentes e em seu conjunto. E ainda assim ele se proclama um tipo único, um absoluto categórico; não admite nenhum outro além dele; nem mesmo admite uma variação dentro dele. Todos têm de ser moldados de acordo com seu único padrão ideal, todos se devem tornar uniformes e impecavelmente os mesmos. Porque a moralidade é desta natureza rígida e irreal, ela é o contrário da vida, espiritual, em seu princípio e trabalho. A vida espiritual revela a única essência em tudo, mas revela também a sua diversidade infinita; ela trabalha pela diversidade da unicidade e pela perfeição naquela diversidade. A moralidade levanta um padrão artificial contrário à variedade da vida e à liberdade do espírito. Criando algo mental, fixo e limitado, exige que todos se conformem com isso. Todos devem lutar para adquirir as mesmas qualidades e a mesma natureza ideal. A moralidade não é divina ou do Divino, é do homem e humana.
A Mãe de Sri Aurobindo em Conversas com a mãe.