Mais um livro sobre o Bhagavad Gita por Sri Aurobindo.

Esse é um outro livro muito bom, mas bem mais complexo de Sri Aurobindo. Tive dificuldade em entender muitas partes porque não estou muito familiarizado com os ensinamentos de Aurobindo.

Esse livro também é fácil de achar na internet.

O Senhor Abençoado disse:

55. “Quando um homem afasta da sua mente todos os desejos, ó Pārtha, e encontra apenas satisfação no Eu Maior e pelo Eu Maior, pode-se dizer que ele é estável na inteligência.”

A característica do samādhi é representada pela expulsão de todos os desejos, pela incapacidade deles de chegar à mente e é o estado interior do qual surge a liberdade, o deleite da alma recolhida em si mesma, com uma mente calma, equânime, equilibrada, acima das atrações e das repulsões, ou das alternâncias de sol e tempestade, isenta das tensões da vida externa. Nesta condição o homem é atraído para dentro, mesmo quando age exteriormente; está concentrado em si mesmo também quando contempla os objetos; unicamente ocupado no Divino, mesmo quando, aos olhos dos outros, parece preocupar-se dos assuntos do mundo.

56. “Aquele cuja mente não está perturbada em meio às tristezas e prazeres, que está livre de desejo, que abandonou a paixão, o medo e a cólera, é considerado um homem sábio da inteligência estável.”

O Gītā exige enfrentar o desejo e suprimi-lo. Sua primeira descrição de equanimidade é a do estóico, mas se ele aceita essa filosofia heroica, ele também adiciona a visão sáttvica do conhecimento, com base na aspiração de realizar o Eu Maior livre e, a cada passo, a ascensão em direção à Natureza Divina.

57. “Aquele que não sente apego a nada e, quando surgem o mal e o bem, não se aflige ou se regozija, nele a inteligência é firmemente alicerçada na sabedoria.”

58. “Aquele que retrai os sentidos dos objetos sensíveis, assim como a tartaruga puxa seus membros para dentro da casca, nele a inteligência está firmemente alicerçada na sabedoria.”

Na disciplina do Gītā a equanimidade estoica se justifica como elemento que pode ajudar na realização do Eu Maior, livre e imutável no ser humano instável — param drishtvā — ou seja, na realização de um novo estado de consciência —esha brāhmi sthiti, o estado brahmico. O primeiro impulso deve ser livrar-se do desejo, a única raiz do mal e do sofrimento; e para se livrar do desejo é preciso pôr fim à causa do desejo em si, a impaciência dos sentidos de querer agarrar os objetos e se deliciar neles. Tem que refrear os sentidos quando eles estão prestes a precipitar-se para fora, tem que chamá-los e reconduzi-los de volta à fonte, onde eles devem permanecer quietos na mente, a mente quieta na inteligência, e a inteligência quieta na alma e no autoconhecimento, que observa a ação da Natureza, mas sem ser submetido a ela e nada desejar da vida material. “Mas” acrescenta Krishna ( no versículo seguinte), “para evitar o mal-entendido que com certeza derivaria disso, o que te ensino não é ascetismo exterior, uma renúncia física dos objetos dos sentidos, mas um retirar-se interior, uma renúncia ao desejo”.

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