Silêncio – Byung-Chul Han

Silêncio

O sagrado é um evento de silêncio. Isso nos faz ouvir: “Myein, consagrar, representa etimologicamente ‘fechar’ – os olhos, mas acima de tudo a boca. No início dos ritos sagrados, o arauto ‘ordenava’ ‘silêncio’ (epitattei ten siopen)”142. Vivemos hoje em um tempo sem consagração. O verbo básico de nosso tempo não é “fechar”, mas abrir, “os olhos, mas acima de tudo a boca”. A hipercomunicação, o barulho da comunicação desconsagra e profana o mundo. Ninguém escuta. Todos se produzem a si mesmos. O silêncio não produz nada. É por isso que o capitalismo não ama o silêncio. O capitalismo da informação produz a compulsão da comunicação. O silêncio aguça a atenção para a ordem superior, que, entretanto, não precisa ser uma ordem de dominação e poder. O silêncio pode ser altamente pacífico, até mesmo amigável e profundamente gratificante. É verdade que a dominação pode impor o silêncio por parte dos subjugados. Mas o silêncio imposto não é silêncio. O verdadeiro silêncio é sem coerção. Não é opressivo, mas edificante. Ele não rouba, mas concede.

Um trecho de Byung-Chul Han

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