A Meditação da Alimentação é um trecho do texto completo “O primeiro nutriente: alimento comestível” que você pode ler inteiro no link
Prática sugerida: Meditação da Alimentação
Cada dia esta semana, escolha uma refeição onde você se dará tempo e espaço para apreciar o processo de nutrir seu corpo e a mente. Você só precisa ser capaz de encontrar dez minutos, mas esses dez minutos são muito preciosos. Desligue a TV, silencie seus dispositivos móveis e permita seu comer ser uma meditação. Sente-se confortavelmente e observe como você está se sentindo em seu corpo: como é a sensação da fome? Alguma emoção surge? Observe a comida que está à sua frente: sua cor, sua fragrância. Por que você escolheu esses alimentos em particular? Morda e mastigue a comida devagar, pelo menos trinta vezes, prestando atenção ao seu sabor, sua textura e suas reações internas. Considere as origens do alimento. Note quando tiver vontade de engolir e dar outra mordida. Enquanto você continua sua refeição, observe como você está se sentindo no seu corpo e observe o momento em que você se sente satisfeito. Muitas vezes, se você estiver sintonizado com suas sensações físicas, se sentirá satisfeito antes de terminar de comer toda a comida no seu prato.
Temos tanta certeza que sabemos o que é comer, o que é andar. Achamos que já sabemos o que é sentar e ainda assim uma das primeiras coisas que vamos descobrir quando começamos a praticar é o quão inconscientemente fazemos tantas destas coisas. Quando abordamos estes quase esquecidos momentos das nossas vidas com alguma consciência, começamos a reaprender e a redescobrir o que é comer, o que é andar, o que é sentar-se e nos tornamos cada vez mais vivos. Cada momento torna-se um momento onde temos a oportunidade de encontrar o Dharma. Essas atividades de nossa vida diária não são momentos perdidos ou desperdiçados. Eles são a própria vida — eles são a nossa prática em si. Eles podem ser o momento de abrir o nosso coração, de acordar, se optarmos por permitir que isso aconteça. Depende de nós; cabe a nós escolher estar presentes para permitir que este momento seja um momento de despertar ou um momento sem sentido. Ninguém mais pode fazer esse trabalho por nós.
Marcel Proust nos lembra, “a verdadeira viagem de descoberta consiste não em procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.” Em nossos dias é um luxo ser capaz de sentar e gastar 10 ou 15 minutos para comer conscientemente. Talvez nós não tenhamos esse tempo disponível em nossos dias, mas nós podemos fazer escolhas como a desligar os telefones, a TV, o rádio, e assim por diante por alguns minutos para que nós possamos estar totalmente presentes para a nutrição que nos oferecemos. Este é um ato de amor próprio e um ato de amor para a nossa sociedade.
(Do livro “Nothing To It: Ten Ways to Be at Home with Yourself”)
Phap Hai é professor de Dharma e o monge sênior da tradição de Plum Village)
(Traduzido por Leonardo Dobbin)