Em tempos de tantos pedidos de ação, de tantos chamamentos de todos os lados para se escolher um lado, parece que nos pedem ” você precisa odiar alguém, como pode não escolher um lado?”, nesse tempo difíceis e pesados a não ação pode ser talvez o “lado” mais radical para se escolher porque não agir dispende muita energia e concentração, não é um ato simples ler, ouvir e ver tanta confusão sem se envolver emocionalmente.
Dois trechos de um livro que falam da não ação.
“Algumas vezes, as pessoas dizem: “Não fique sentado aí, faça alguma coisa!” Elas estão implorando por ação. No entanto, a prática da mindfulness muitas vezes diz: “Não fique fazendo coisas, fique sentado aí!” A “não ação”, na verdade, também é um tipo de ação. Algumas pessoas não parecem fazer muita coisa, mas sua presença é crucial para o bem-estar do mundo. A qualidade da sua presença as torna verdadeiramente disponíveis para os demais e para a vida. A não ação, para elas, está funcionando. Certas vezes, você sente vontade de parar e não fazer nada, mas, quando surge uma oportunidade, você não consegue desfrutá-la.”
“Em grande parte, isso acontece porque a nossa sociedade é muito orientada por objetivos. Estamos sempre seguindo uma direção e com um objetivo específico em mente. O budismo, por outro lado, nutre certo respeito pela “falta de objetivo iluminada”. Tal ensinamento diz que não devemos colocar um objetivo à nossa frente e correr para alcançá-lo, pois já temos tudo de que precisamos dentro de nós. O mesmo vale para o ato de se sentar. Não se sente para atingir um objetivo. Cada momento de meditação sentada nos traz de volta à vida. Seja lá o que você estiver fazendo, regando o jardim, escovando os dentes ou lavando pratos, procure fazer tudo dessa maneira, faça tudo “sem um objetivo”.”
Do livro Silêncio: O poder da calma em um mundo barulhento – Thich Nhat Hanh