A Mente Inquieta – do livro A Mente Serena

“Às vezes nos sentimos inquietos e, por mais que tentemos, não reconhecemos nossa própria mente. Os pensamentos parecem tomar vida própria, correndo precipitadamente de uma experiência ou emoção para a próxima, sempre buscando por algo, embora possamos nem saber bem o quê. Até mesmo o pensamento de desacelerar causa ansiedade – o que vamos conseguir com isso? Perguntamo-nos tantas coisas que já não estamos seguros quanto às respostas. Pousamos os olhos em algo ou alguém e, seguindo o caminho, esquecemos que, embora tenhamos começado a jornada para sermos felizes, essa felicidade foi momentânea e parou no acostamento. Então ficamos agitados e sentimos um ímpeto de seguir para o próximo passo, de apanhar outro pedacinho de felicidade ou sucesso, ou de apenas fazer as coisas de forma diferente, porque não conseguimos nos assegurar de que o que temos agora será, um dia, suficiente.

Cotidianamente nossas mentes são com frequência estimuladas pela comunicação, pela conexão virtual. Há sobrecarga de informação, sobrecarga de escolha. As oportunidades de aprender, criar e se inspirar nos cercam, mas deixam pouco ou nenhum espaço para a mente poder de fato se expandir e crescer. Fazemos muitas perguntas, mas não temos tempo ou paciência de sentar por um momento para ouvir ou compreender as respostas. E passamos tanto tempo correndo por toda parte buscando soluções que esquecemos de olhar diretamente a natureza verdadeira do problema. Algumas vezes, ou, talvez, até a maior parte do tempo, nossas mentes se sentem um pouco como fliperamas, sempre ricocheteando para todos os lados. Ah, se ao menos nos sentíssemos assentados em nossas próprias mentes e felizes com o lugar onde estamos e a direção que tomamos. Ah, se ao menos nossas mentes parassem de supercomplicar, superanalisar, pensar demais.

Um de meus professores resumiu muito bem: “O ser humano – ao sacrificar a saúde para fazer dinheiro, precisa sacrificar o dinheiro para recuperar a saúde, e então fica tão ansioso com o futuro que não aproveita o presente e, como resultado, não vive no presente nem no futuro – vive como se nunca fosse morrer e morre sem ter realmente vivido.” É um padrão em que facilmente caímos. A felicidade está sempre ali na esquina e, mesmo quando a encontramos, algumas vezes esquecemos que era por ela que estávamos buscando em primeiro lugar. Usamos o fato de estarmos sempre ocupados como se fosse uma medalha de honra, mesmo que saibamos, bem no fundo, que a quantidade de coisas que fazemos num dia não se traduz em felicidade ou contentamento, ou sequer em algum tipo de vitória. Na medida em que enchemos nossos dias, e nossas mentes, podemos algumas vezes nos sentir como se estivéssemos vivendo de acordo com algum tipo de roteiro que não escrevemos: correndo daqui para ali, jamais com a sensação de que dispomos de tempo suficiente para as pessoas ou para as tarefas, nos dispersando demais. Aos poucos podemos descobrir que é mais difícil tomar decisões, já que hesitamos ou tememos fazer as coisas de forma errada. Ou paramos de celebrar os esforços dos outros, nos comparando e competindo constantemente. Estamos ocupados, mas achamos difícil fazer qualquer atividade direito. Há uma sensação de desconforto; podemos não dormir bem, ou podemos dormir tanto que nos sentimos pesados e letárgicos. Perdemos o contato com os bons amigos, nossa família nos perturba e nosso chefe é um pesadelo. E o tempo está passando.

A mente inquieta teme a quietude; fica facilmente entediada – ocupada, ocupada, ocupada. A mente inquieta pensa obsessivamente sobre cada detalhezinho e decisão da vida e, muitas vezes, o faz cheia de medo, ansiosa ou sem conseguir parar: e se eu tivesse feito diferente? E se eu fizer errado? E se não gostarem de mim? Por que disseram aquilo? Sou bom o suficiente? Eles são bons o suficiente? O que vou fazer quando terminar de limpar? E depois disso, e depois daquilo… Na mente inquieta a imaginação corre solta, mas quase nunca de forma criativa. A vida corre fora de foco e, muitas vezes, parece estagnada; constantemente ansiamos por companhia, e nos sentimos sozinhos numa multidão.

Agora lembre-se de quando sua mente foi serena.

A mente serena é brincalhona, criativa e alerta. É fácil sentir prazer. A tristeza também vem facilmente, mas já não nos paralisa. A mente serena é compreensiva. Com uma mente serena, podemos conceder uma folga a nós mesmos e aos outros, e reconhecer o que é bom. A mente serena é relaxada e confiante, sem necessidade de arrogância. Há tempo suficiente para se importar, se inspirar, ser inspirado e realizar muito. Observe as crianças, que têm uma mente serena completamente natural. São curiosas e vigilantes, mas também são capazes de parar, maravilhadas com o momento. Elas estão bem ali, completamente inteiradas no momento presente.”

Esse livro é extremamente agradável e instrutivo, para ler e reler sempre que necessário, saiba mais sobre o livro A Mente Serena no link

Um vídeo para você conhecer o autor

 

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