ATENÇÃO – concentração e estados conscientes nos tipos de meditação

ATENÇÃO
O ponto de concordância mais forte entre as escolas de meditação é o da importância de se reexercitar a atenção. Todos esses sistemas podem ser classificados, a grosso modo, em termos de suas estratégias principais para o reexercício da atenção descritas no Visuddhimagga: concentração ou estado consciente.

A tabela na página seguinte classifica técnicas de cada sistema de meditação, de acordo com a tipologia Visuddhimagga. O critério de classificação é a mecânica da técnica: concentração, na qual a mente se concentra num objeto mental fixo; estado consciente, no qual a mente observa a si mesma; ou ambas as operações presentes em uma combinação integrada.

Tabela de tipos de meditação

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Na concentração, a estratégia de quem medita é fixar o foco em um único preceito, fazendo sempre a mente dispersiva voltar para o seu objetivo.
Algumas instruções para se conseguir isso insistem na importância de uma afirmação ativa da vontade da pessoa que medita em se manter presa ao objeto da percepção e resistir às divagações. Outras sugerem um modo passivo de simplesmente voltar ao objeto de percepção quando ele se perder no meio de pensamentos estranhos. Assim, um antigo texto theravadana instrui a pessoa que medita para trincar os dentes, fechar os punhos e estimular o suor, lutando para manter a mente frxa nos movimentos de sua respiração. Na meditação transcendental, por outro lado, a pessoa deve “suavemente reiniciar o mantra” cada vez que perceber que sua mente divagou. Apesar de essas abordagens serem opostas, elas têm como propósito único a concentração e, portanto, desenvolvem a agudeza da percepção.

Há talvez muito poucos tipos puros entre as escolas de meditação, exceto os sistemas centrados em torno de uma técnica única, como por exemplo a meditação transcendental ou Krishnamurti. A maioria das escolas é eclética, usando uma variedade de técnicas de ambas as abordagens. Elas fazem concessões para necessidades individuais, moldando técnicas para o progresso do estudante. Os sufis, por exemplo, usam principalmente o zikr, uma prática de concentração, mas às vezes também utilizam técnicas de discernimento, como muragaba, que leva em conta o fluxo da própria consciência.

Sistemas diferentes de meditação podem adotar pontos de vista totalmente contraditórios entre si para as exigências de cada ato preparatório, sejam elas um ambiente específico, a necessidade de um professor ou o conhecimento prévio do que esperar da meditação. O único ingrediente que não varia é a necessidade de que a pessoa que medita retenha a sua atenção ou através da concentração ou do estado consciente.

Do livro A Arte da Meditação – Daniel Goleman

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