A bondade na vida diária

A bondade na vida diária, significa duas coisas: primeira, que tratamos de ser cuidadosos por não magoar ninguém; segunda, que sempre estaremos atentos a uma oportunidade para ajudar.

Primeiro, não provocar qualquer mágoa… Há três faltas que provocam mais malefício que tudo o mais neste mundo: a bisbilhotice, a crueldade e a superstição. Essas faltas atentam contra o amor. Aquele que quiser preservar-se dessas três falhas, deveria preocupar-se com o altruísmo, vigiar sem cessar, e perceber aquilo que a bisbilhotice provoca. Começa pelo pensamento maledicente e isso, em si, é ofensa. Porque, em tudo e em cada indivíduo existe o bem, da mesma maneira que existe o “mal”. E se pensarmos em conformidade ao que for, podemos reforçá-los, e assim, auxiliar ou impedir a nossa evolução conjunta. Ou exercemos a vontade do Logos ou lhe resistimos.

Se pensardes no mal com relação a outra pessoa estaremos ao mesmo tempo a levar a cabo três coisas perversas: estaremos a atribuir causa de intenção à vizinhança, ao invés de pensamentos justos, e estaremos a aumentar a tristeza do mundo. Se, nesse homem existir a perversidade que notarmos nele, então estaremos a fortalecê-la e a alimentá-la. E desse modo estaremos a contribuir para que o nosso irmão seja pior, em vez do oposto. Mas, geralmente o mal não está nele, e fomos apenas nós que o imaginamos; desse modo o nosso pensamento perverso induzirá o nosso irmão a proceder mal, pois apesar de ser imperfeito podemos influenciá-lo exatamente do mesmo modo como dele pensamos. Preenchemos a mente com maus pensamentos em vez de pensarmos no bem e desse modo causamos impedimento à própria progressão, e tornámo-nos, aos olhos de quantos o podem notar, um ser abjecto e penoso, no lugar de belo e adorável. E, ainda não contentes por ter causado tal dano a si próprio, e á sua vítima, o bisbilhoteiro procura com todas as suas forças fazer do outro um parceiro nessa ofensa, e conta a sua história, com toda a avidez, aos demais, esperando com isso que o acreditem e se lhe juntem a descarregar maus pensamentos sobre o pobre sofredor. Isso ocorre todos os dias e é perpetrado por milhares de indivíduos. Estaremos a começar a perceber como isto é iníquo, terrível, e mesmo um pecado? Devemos verdadeiramente procurar fazer isso e jamais falar mal de quem quer que seja. Devemos recusar escutar falar mal de outro, corrigindo gentilmente: “Talvez isso não seja verdade, e, se for, é mais simpático da nossa parte não falar nisso”.

Krishnamurti em A Arte de Viver

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