O movimento mindfulness tem um nível de modismo maior

Trecho de entrevista com a Monja Isshin. Para ler completo aqui

Aumentou também muito o apelo da meditação, em especial do Mindfulness, em parte em razão das pesquisas científicas sobre seus benefícios. Você acha positivo essa popularização?

A meditação como caminho para a espiritualidade, independentemente de ser no budismo, no cristianismo, no judaísmo, no taoísmo, nunca precisou das pesquisas científicas para ser validada. Essas tradições se mantêm há mais de 3 mil anos. Mas é bastante interessante ver que uma versão bem básica e simplificada de meditação esteja sendo divulgada e tenha chegado aos consultórios médicos, aos hospitais e nos consultórios de psicoterapia. Eu acho isso muito positivo. Mas está faltando a bula, onde aparecem as instruções, as contra-indicações e os efeitos colaterais. Pouquíssimas pessoas falam dos cuidados necessários e das qualificações que as pessoas que orientam têm de ter para ensinar os outros a meditar. Meu receio é que as pessoas acreditem que a meditação como caminho espiritual é só isso que está sendo ensinado com mindfulness, uma simples técnica ou mais uma ferramenta da terapia. A meditação num caminho espiritual é muito mais que isso, mas não é uma panaceia.

Você acha essa busca espiritual puro modismo ou um bom sinal?

É um pouco dos dois. O movimento mindfulness tem um nível de modismo maior, em parte pelo excesso de oba-oba, por ser vendido como panaceia. Mas o modismo vai passar. E o que eu espero que sobre depois é o bom uso da meditação nos consultórios e nos hospitais. Mas é importante dizer que existe um risco que esse nível básico de meditação se esgote. Para relaxamento e para alcançar um determinado nível de autoconhecimento, praticar mindfulness de modo simplificado é bom e válido. Mas é preciso procurar professores com formação comprovada. Há muitos picaretas que são praticantes leigos há pouco tempo e se colocam como instrutores. Não entenderam nada.

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