A Meditação No Mundo Moderno – Paul Brunton

A MEDITAÇÃO NO MUNDO MODERNO – Paul Brunton

Antigamente se fazia da prática da meditação uma parte vital da vida diária. Nas mais antigas culturas ela era iniciada com o culto matinal do Sol. O Sol era apenas o símbolo da Grande Luz que o homem esperava encontrar dentro de si mesmo.

Porque temos nos esquecido de procurar internamente a iluminação, estamos perdidos nas trevas espirituais. Considerai a sempre crescente pressa e distração da vida moderna. Deus não é apenas negado, mas principalmente impedido de entrar.

As poucas vozes que ouvimos no mundo de hoje, as terríveis vozes da paixão cega e ódios cruéis, da irritabilidade, disputa e incompreensão, são as vozes de homens que nunca se voltarão para o interior, que perderam o entendimento de suas relações com a alma divina.

Se os indivíduos aprenderem a encontrar a paz interna, teremos seguramente a paz externa e eliminadas as guerras. É a natureza humana degenerada que cria as guerras. Nenhum pedaço de papel chamado tratado jamais curará o mundo das guerras.

A meditação, a ioga, é prática fundamental desta busca interna. Muitas pessoas têm idéias confusas sobre ioga e meditação. Acham que a meditação os levará a maravilhosas experiências sobrenaturais. Tanto pode ser como não. Imaginam que leva a desenvolver poderes ocultos. Pode e não produzir isso.

Não é necessário gastar o dia todo em quietude mental para encontrar o eu espiritual. Isso nem mesmo é aconselhável, porque a meditação prolongada implica na mais árdua façanha que o homem possa realizar. A imensa tensão do esforço para meditar durante todo o dia é demasiado grande para a maioria dos homens, e muitos podem descambar para a indolência, egoísmo ou hipocrisia.

É preferível dedicar um breve período cada dia, e tornar esse período realmente significativo, e depois parar e levantar-se. Não importa quão breve seja o tempo que lhe dediqueis, embora talvez um período de vinte minutos fosse realmente o mínimo mais prático.

Os melhores períodos são a aurora, o meio-dia e o por do sol. Ou podeis achar alguns minutos em qualquer hora do dia em que estejais a sós, quietos e sem ser incomodado, para iniciar vossa tentativa de por vossa mente em sintonia com o Infinito.

Depois de escolher determinada hora do dia, é aconselhável manter essa hora. Há diferentes métodos de meditação, porque somos todos constituídos de maneira diferente. Temos diferentes temperamentos, diferentes formações mentais, diferentes formações físicas, e por isso temos de encontrar o método que melhor nos convenha, aquele que nos ofereça a menor resistência.

Não é necessário adotar algum método que seja estranho a nosso temperamento; se o adotarmos não seremos bem sucedidos. Se sentir que pela oração e aspiração podeis obter melhor progresso que pela análise intelectual (vichara), adotai esse método.

O artista absorto na execução de um instrumento musical está meditando, porque ele se perdeu tanto na música que se esqueceu do mundo externo. Este formoso estado o conduziu ao mundo interno. Não é o estado final, mas o tirou do mundo material.

Numerosos profissionais e homens de negócios já praticaram meditação e ioga, porém sem o saberem. O problema é que eles meditam apenas em seus assuntos administrativos; não fogem do puramente pessoal.

Uma prática que pode ser de auxílio é o controle da respiração. Observai atentamente, durante alguns minutos, vosso movimento respiratório, diminuindo aos poucos a velocidade usual do ciclo respiratório completo. Entre a inalação e a exalação, prendei suavemente a respiração por um ou dois segundos. Nesse intervalo a mente se deterá e isso produzirá um estado de concentração interna.

Se conseguirdes alguma concentração mental, entrareis numa nova etapa. Deveis então perguntar quem está praticando a meditação. A resposta será: “Eu”. E então perguntar: “Quem sou eu?”, tendo claro em vossa mente que o corpo não é o “eu”.

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