Kristin Neff vídeos – Autocompaixão

“Cultivando a autocompaixão, nós não nos avaliamos conforme os nossos sucessos, e não nos comparamos com os outros. Ao invés disso, reconhecemos as nossas falhas e erros com paciência, compreensão e bondade. Percebemos os nossos problemas dentro de um contexto maior da nossa condição humana compartilhada. Então, a autocompaixão, diferentemente da autoestima, nos permite estar mais conectados com as outras pessoas, e mais positivamente à sua disposição. Finalmente, a autocompaixão nos permite ser honestos conosco. Com essa atitude de aceitação, a autocompaixão promove uma compreensão realista da nossa situação.”
Thupten Jinpa

Kristin Neff – Os três componentes da Autocompaixão

Kristin Neff – Superando as Objeções à Autocompaixão

Texto complementar

Seja uma companhia melhor para você mesma. Essa é a proposta de uma nova área de estudo da psicologia que pesquisa os benefícios físicos e emocionais de uma atitude menos autocrítica. Uma das pioneiras nessa teoria, a psicóloga americana Kristin Neff, lança neste mês, nos EUA, o livro Self-Compassion: Stop Beating Yourself Up and Leave Insecurity Behind (numa tradução livre, autocompaixão: pare de se criticar e deixe a insegurança para trás, da editora Harper Collins, ainda sem previsão de lançamento no Brasil).

Um estudo publicado por Neff em 2006 no Journal of Research Personality associou bons níveis de autocompaixão a menores índices de ansiedade. No trabalho, que avaliou 91 adultos, aqueles que apresentavam essa característica tinham 21% menos possibilidades de se tornar ansiosos.

Outro estudo, publicado em 2010, foi feito com 504 voluntários por pesquisadores da Universidade de Albany (EUA). Os resultados, publicados no Journal of Anxiety Disorders, indicaram que a escala de autocompaixão (veja boxe) pode ser usada para predizer riscos de depressão.

Kristin, que dá aulas de desenvolvimento humano e cultura na Universidade do Texas, trata em seu livro de pesquisas que mostram que quem tem mais autocompaixão é menos depressivo, consegue atingir os próprios objetivos e mantém relacionamentos mais saudáveis. Nesta entrevista, feita por e-mail, ela explica por que devemos nos livrar do excesso de cobrança e de autocrítica.

Como a autocompaixão ajuda nas fases difíceis? Quando aceita que coisas ruins estão acontecendo na sua vida e não fica achando que é só com você, não se sente isolada. E, então, você consegue responder ao sofrimento. Cuidar de si gera transformações até fisiológicas: os níveis de ocitocina [hormônio que ajuda a relaxar e a melhorar vínculos afetivos] aumentam de maneira semelhante ao que ocorre com mães quando o bebê nasce, reforçando o laço.

Como alguém pode desenvolver uma postura mais compassiva em relação a si mesmo? Se você foi crítica a vida inteira, isso não vai mudar instantaneamente. Mas há como melhorar. Observe como “fala” consigo e reflita sobre a possibilidade de falar de maneira diferente. Numa situação complicada, repita para você: “Vou ser legal comigo”.

Será que é só uma questão de prática? Terapia também pode ajudar. O primeiro passo é ter consciência de que a autocrítica atrapalha a motivação. É necessário dizer a si mesma que está cansada de se fazer sofrer.

Que diferença existe entre autocompaixão e autoindulgência? São coisas diferentes. Uma é permitir-se qualquer coisa porque se está estressada, como comer um pote inteiro de sorvete. Mas, se você tem autocompaixão, sabe que quer ser feliz a longo prazo e que algumas atitudes impulsivas e imediatas vão dificultar.

Mas a autocompaixão poderia ser entendida como uma desculpa para deixar de lado a força de vontade num momento difícil? É o oposto! Se você se preocupa consigo mesma, quer atingir seus objetivos. A diferença é que você tem consciência de que suas metas podem se adequar à realidade. Não dá para ser magérrima se seu biótipo é outro, por exemplo.

A autocrítica mais atrapalha que ajuda? É claro que é importante conhecer suas fraquezas. Quando menciono uma autocrítica ruim, refiro-me ao jeito negativo de enxergar as coisas: “Sou incompetente”. Muitos cometem o erro de achar que a autocrítica é a melhor forma de incentivo. Não é: está ligada a maiores índices de depressão. O autojulgamento negativo precisa ser deixado de lado. Mas a sabedoria de enxergar o que precisa ser diferente não.

Esse autojulgamento negativo se relaciona à competitividade e ao excesso de cobrança? Pessoas que vivem em ambientes onde a autocrítica é muito estimulada tendem a ter níveis baixos de autocompaixão. Posso ter metas elevadas e não me sentir péssima se não for melhor em tudo. Algumas pesquisas mostram que as mulheres são, em geral, mais críticas que os homens.

Então as mulheres têm menos autocompaixão que os homens? Os estudos mostram uma ligeira diferença entre os sexos. Mulheres têm mais compaixão com os outros do que os homens. Mas, na hora de exercitar isso consigo mesmas, são piores. A boa notícia é que elas têm as ferramentas, só precisam exercitá-las. Num momento difícil, devem se perguntar: “O que eu diria a um amigo?”.

A autocompaixão ajuda nos relacionamentos? Pessoas com autocompaixão ficam menos bravas e apoiam mais seus parceiros. É como se eu não precisasse que o outro fosse perfeito porque sei que não sou perfeito e lido bem com isso. Um dos grandes problemas numa relação é a necessidade de estar sempre certo em uma discussão.

Como a autocompaixão pode melhorar a qualidade de vida? Pesquisas mostram que pessoas com autocompaixão têm menor possibilidade de comer demais quando fazem dieta. Tendem a manter os exercícios mesmo quando têm preguiça. Fazer dieta ou exercícios são atividades motivadas por duas razões: ou você faz porque quer se sentir bem ou porque quer ser linda para os outros. No primeiro caso, é mais fácil seguir em frente depois de um deslize.

A autocompaixão ajuda na vida sexual? Aceitar-se plenamente como você é lhe dá a liberdade de aceitar sua sexualidade autêntica, não importa qual seja. Também ajuda a resolver problemas emocionais, o que contribui para achar o caminho para o sexo bom.

Teste sua autocompaixão
Kristin Neff desenvolveu uma escala com 26 questões que medem o nível de autocompaixão (você pode acessá-la em http://www.self-compassion.org, em inglês). “Estudei algumas publicações da psicologia e capturei algumas características básicas para elaborar as perguntas”, diz ela. A psicóloga usa reflexões como “quando tenho de me esforçar por alguma coisa tendo a achar que é mais fácil para as outras pessoas” e “sou intolerante e impaciente com aspectos da minha personalidade de que eu não gosto”.

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