Devagar, Silencioso e Sozinho
Com relação à atenção vigilante eis outra sugestão que eu gostaria de oferecer: aprenda a diminuir o ritmo hoje. Sei que em Hong Kong vocês têm que correr porque a velocidade da vida aqui é alta. Hoje acentuaremos aprender a relaxar e a só fazer coisas bem lentamente. Lentamente e também de um modo muito relaxado.
Outra sugestão que eu gostaria de oferecer é a prática do silêncio. Sei que é muito difícil para algumas pessoas ficar em silêncio porque falar é um hábito muito forte que temos. Então, hoje vamos fazer um esforço para estarmos silenciosos conosco e vocês verão uma conexão entre consciência, atenção vigilante e silêncio. Quanto mais consciente você é, mais silencioso você fica, e quando você está silencioso, a atenção vigilante surge naturalmente. Você gostará do espaço que o silêncio cria na sua mente.
Outro aspecto do silêncio é aprendermos a sermos sós com nós mesmos. Então, hoje, por favor, tentem ficar em silêncio e apenas estar sozinhos com vocês mesmos. Nós nos tornamos muito dependentes de coisas externas. Hoje vamos tentar apenas ser amigáveis conosco e ver se podemos estar em nossa própria companhia e desfrutar de nossa própria companhia. Aprendermos a ser nosso melhor amigo. É muito importante fazermos esta conexão com nós mesmos, quando nos vemos como o amigo mais precioso que temos.
Hoje haverá alguns debates em grupo e poderemos discutir os problemas ou dificuldades vivenciadas. Mas, ainda é muito importante, na meditação, ser autoconfiante, ter nossas próprias ferramentas. O Buddha enfatizou que o esforço próprio é o melhor esforço e que devermos ser autoconfiantes.
Desenvolvam a autoconfiança.
Outra sugestão muito importante que gostaria de oferecer é que hoje iremos tentar desenvolver a autoconfiança. Ter a autoconfiança que lhes permitam lidar com o que quer que surja em sua mente e corpo. Na meditação é muito importante possuir essa autoconfiança, apenas saber o que está acontecendo na mente e no corpo, e então, aprender com eles, abrindo-se a eles.
Por isso, hoje vamos tentar ser como crianças, tentando aprender, fazendo descobertas sobre o que está acontecendo em nossa mente e corpo. É muito importante ter essa qualidade infantil para aprender, descobrir, ser curioso sobre o que está acontecendo em nosso corpo e mente, que é algo que podemos admitir como certo.
Tentem ver a meditação como uma viagem de autodescoberta, e se pudermos ter essa abertura, então poderemos aprender com qualquer experiência que tivermos hoje. Como eu disse, pode ser agradável, pode ser desagradável, mas aprendam a fazer as perguntas: o que posso aprender com isso? O que se mostra para mim? Esse tipo de atitude na meditação é muito importante.
Nada Especial
Uma última sugestão é: por favor, não tenham grandes expectativas de que irão atingir algo muito especial. Meditação não é nada especial. É somente o estar aberto às coisas comuns. Não é nada extraordinário. Não são os resultados que atingimos, mas a prática em si é o resultado; conhecer o que está acontecendo é o resultado, não o que vem depois. Por favor, lembrem-se disso. Talvez, nesta cultura, haja muita ênfase em ser orientado para um objetivo, para atingir resultados. Mas, na meditação, o resultado é a prática. É isso o que é realmente interessante em relação à meditação. O resultado é simplesmente estar aberto, sabendo o que está ocorrendo momento a momento, experienciando cada momento.
Trecho de O Caminho Gentil da Meditação de Godwin Samararatne: Link https://nalanda.org.br/o-caminho-gentil-da-meditacao