Quem você diz que eu sou não é quem eu sou. Nem mesmo eu posso exprimir em palavras quem sou.
Cinquenta anos atrás, não havia um ego paquistanês; três séculos atrás, ninguém vivia ou morria por algo chamado ego americano. Dez séculos atrás, não havia um ego muçulmano; vinte séculos atrás, não havia um ego cristão. Tais coisas são convenções não inerentes à realidade ou à vida; não foram criadas na Natureza por Deus; são feitas, definidas, escritas advindo da idéia do homem. As coisas são o que são.
O ego é uma criação da mente. Nossas mentes criam rótulos, aplicam-nos a indivíduos, dizendo que a partir daquele instante este ou aquele grupo são grupos separados. Então pedimos às pessoas que ofereçam suas vidas pela defesa dos rótulos que criamos. Damos a esta defesa um título glorioso, algo como: morrer pela fé; na realidade elas morrem por convenções, por conceitos que não existem na realidade. São prometidas a essas pessoas recompensas invisíveis, como por exemplo: se você morrer pela fé, pelo país, por Deus, terá um reino eterno, apesar de não ser real. Os conceitos são sobrepostos e até a recompensa é conceitual. É um caminho difícil reaprender a viver a realidade, percebêla com precisão. Poucos são os escolhidos. A mentalidade massificada, o desejo de ser bem-sucedido e a aprovação das promessas do ego são mais sedutoras e frequentemente mais atraentes do que a vida real. Deus nos ajude!
Anthony de Mello
Além disso, o quanto do nosso sofrimento é conceitual. Sofro porque o outro é mais bem sucedido, embora isso não faça a menor diferença na minha vida; sofro porque alguém vai contra as minhas ideias; sofro quando algo relacionado à minha identidade conceitual é questionado…
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Sofro porque quero prevalecer. A loucura das pessoas tem momentos que parece tanta que a sensação é que elas lutam umas contra as outras numa batalha feroz em que disputam coisa nenhuma, ilusão…
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