A iluminação do Buddha foi simplesmente o despertar desse mesmo mundo. O mundo ainda estava lá: perda e ganho, elogio e crítica, fama e descrédito, felicidade e infelicidade, ainda estavam lá. Se não houvesse tais coisas não haveria nada para se iluminar! O que ele sabia era apenas o mundo, o que envolve os corações das pessoas. Se as pessoas seguirem essas coisas, procurando elogios e fama, ganhos e felicidade, e tentando evitar seus opostos, elas afundarão sob o peso do mundo. Ganho e perda, elogio e crítica, fama e descrédito, felicidade e infelicidade –isso é o mundo. A pessoa que está perdida no mundo não tem caminho por onde escapar, o mundo a oprime. Este mundo segue a Lei do Dhamma de modo que chamamos de dhamma mundano. Aquele que vive dentro do dhamma mundano é chamado de ser mundano. Ele vive cercado pela confusão. Por esse motivo o Buddha nos ensinou a desenvolver o caminho. Podemos então dividi-lo em moralidade, concentração e sabedoria –desenvolva-os até a realização. Esse é o caminho da prática pelo qual se destrói o mundo. E onde está esse mundo? Está apenas nas mentes dos seres encantados com ele. A ação de se agarrar ao elogio, fama, ganho, felicidade e infelicidade é chamada de ‘mundo’. Quando essas coisas estão na mente, então o mundo surge, nasce o ser mundano. O mundo nasce por causa do desejo. Desejo é o berço de todos os mundos. Para colocar um fim ao desejo é preciso colocar um fim ao mundo.
Ajahn Chah