O que corta a raiz dos pensamentos? Padmasambava

19. Lady Tsogyal perguntou ao mestre: O que corta a raiz dos pensamentos?

O mestre respondeu: Aqui eu ensinarei como os pensamentos podem naturalmente se dissolver através de três formas de aperfeiçoamento que transcendem o próprio aperfeiçoamento: Os sentidos não precisam de aperfeiçoamento uma vez que claramente percebem os objetos sensoriais. Dharmata não precisa de aperfeiçoamento uma vez que nunca nasce. Os pensamentos não precisam de aperfeiçoamento uma vez que são claramente vistos como o estado desperto original. Por que é assim? Porque deveria ser compreendido que todas as coisas são o estado desperto original, uma vez que não há nada além da mente. É assim que os pensamentos naturalmente se dissolvem, uma vez que são claramente vistos como sendo dharmata.

20. Lady Tsogyal perguntou ao mestre: Qual ponto chave explica como os objetos experienciados não precisam ser rejeitados?

O mestre respondeu: Aqui eu ensinarei através de seis analogias das escrituras sobre a mente autoliberada que descrevem como nada precisa ser rejeitado uma vez que seja claramente visto: Os sentidos não precisam ser rejeitados ao desfrutarem os objetos, uma vez que são claramente vistos como sendo dharmata, como uma ilha de ouro precioso. Os pensamentos não precisam ser rejeitados, uma vez que são claramente vistos como sendo o estado desperto original, como lançar madeira no fogo. Em dharmata as coisas materiais não precisam ser rejeitadas, uma vez que são liberadas sem rejeição, como o grande pássaro garuda que sai do ovo com asas plenamente desenvolvidas. Não há nada a ser estabelecido no estado de equilíbrio, uma vez que equilíbrio e período pós-meditativo são indivisíveis, como um pássaro pairando no ar. Não há emoção negativa a ser rejeitada ou obscurecimento para purificar, uma vez que tudo, sem exceção, é mente, assim como não há escuridão a ser eliminada do círculo do sol. Não é necessário separar mente e objetos em dois, uma vez que são claramente vistos como não sendo duais, assim como o espaço não pode ser dividido em partes. Em outras palavras, estas são as experiências de seis aspectos que não precisam ser suprimidos, uma vez que dharmata é claramente visto sem ser suprimido e não pode ser suprimido mesmo ao se tentar fazer isso.

21. Lady Tsogyal perguntou ao mestre: Qual ponto chave explica como a mente e dharmata são indivisíveis?

O mestre respondeu: Estas seis analogias para a indivisibilidade exprimem como a mente e dharmata são indivisíveis: Água e umidade não podem ser separadas. Fogo e calor não podem ser separados. Uma concha e sua cor branca não podem ser separadas. O brocado e o padrão do brocado não podem ser separados. A Ilha de Ouro e o seu ouro não podem ser separados. Samsara e nirvana não podem ser separados. Da mesma forma, todas as coisas e todos os seres sencientes não podem ser separados dentro da grande esfera única. Ser e não ser não podem ser separados, mas são claramente vistos como sendo mente e, portanto, o estado desperto verdadeiro e original. E também as coisas são mente e a mente são coisas, portanto, são indivisíveis e não são diferentes.

22. Lady Tsogyal perguntou ao mestre: Quais analogias ilustram que tudo o que aparece e existe ocorre a partir de si mesmo?

O mestre respondeu: As mesmas seis analogias se aplicam à ausência de sequências, ilustrando como tudo o que aparece e existe é o estado desperto original. As seis analogias simples mencionadas acima mostram a indivisibilidade e uma ausência de sequências. Desta forma, não há uma sequência entre dharmata e todas as coisas que aparecem e existem (darmas), uma vez que todos são o grandioso e original estado desperto, que é autoconhecedor e ocorre a partir de si mesmo.

Do livro Tesouros do Pico do Junípero. As Profundas Instruções de Tesouros de Padmasambhava à Dakini Yeshe Tsogyal

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