A atenção plena nunca foi tão pouco e tão importante.

Raiva, medo, culpa, excitação. O algoritmo vai te “acelerando” conforme mostra a informação. Isso ocorre na maioria das redes sociais. A gente acorda pelo smartphone tocando alarme e logo mais já olhamos para ele e dependendo das suas preferências de acordo com o algoritmo esse smartphone vai te trazer aquilo que quiser. E aí que começa uma montanha russa de coisas. É uma loucura.

Atenção em qualquer momento, nunca foi tão importante. Se existe alguma dúvida sobre o que as redes sociais fazem é só ficar sem usar elas pela manhã, mesmo porque não há nada urgente pra ser visto mesmo que eles usem muito a palavra URGENTE. Não é urgente, sua atenção é que ele precisa urgentemente e na sua atenção é você que manda.

E.

Byung-Chul Han dá um bom panorama da realidade:

Hoje não consumimos meramente as coisas, mas também as emoções com as quais são carregadas. Coisas não se pode consumir infinitamente, emoções, contudo, sim. Inauguram todo um novo campo de consumo infinito. A emocionalização e a estetização, que a acompanha, da mercadoria são regidas pela coação de produção. Têm que potencializar o consumo e a produção. Com isso, o estético fica colonizado pelo econômico.

Os valores também servem hoje como objetos de consumo individual. Tornaram-se eles mesmos mercadoria. Valores como justiça, humanidade ou sustentabilidade são explorados economicamente. “Mudar o mundo bebendo chá”é o slogan de uma empresa fair trade. Mudar o mundo pelo consumo seria o fim da revolução. Sapatos ou roupas também precisam ser veganos. Em breve certamente haverá smartphones veganos. O neoliberalismo se aproveita multiplamente da moral. Valores morais são consumidos como características distintivas. São contabilizados na conta do ego, elevando o valor do ego. Aumentam a autoestima narcísica. Com valores, não se está referindo à comunidade, mas ao próprio ego.

Do livro O desaparecimento dos rituais. Byung-Chul Han

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