Livro Abuso Espiritual, a manipulação invisível de Gabriel Perissé

O abuso espiritual é invisível, como invisíveis são a alma, o espírito e a consciência. E é um problema “silencioso”, como bem observou um escritor. No entanto, produz sequelas tão ou mais dolorosas do que as feridas causadas pelo abuso físico, pelo abuso sexual, pelo abuso de consciência, pelo abuso psicológico e pelo abuso financeiro.
Comecemos por uma definição simples e direta: existe abuso espiritual quando alguém se prevalece de sua posição ou de sua autoridade religiosa para dominar e manipular outra pessoa. Nas palavras de dois estudiosos do tema, trata-se de “uma injustiça decorrente do mau uso que determinados pastores, padres ou lideranças cristãs fazem de seus direitos e poderes associados às suas funções […], uma forma de violação feita em nome de Deus e de Cristo, ferindo o crente no mais profundo de sua alma”.1
O abuso espiritual não se verifica somente no contexto cristão, em que pessoas (pastores, pastoras, padres, bispos, cardeais, anciãos, monges, freiras, madres superioras, reitores de seminário, reverendos, monsenhores, prelados, abades, lideranças leigas, missionários, plantadores de igrejas, obreiros, discipuladores, diáconos, catequistas etc.), aparentemente confiáveis, estabelecem relacionamentos destrutivos com suas vítimas. Há relatos sobre lideranças ditatoriais e despotismo em outras tradições religiosas e em movimentos esotéricos, ocultistas e gnósticos, porém foi no contexto das igrejas e comunidades cristãs, a partir das décadas de 1980-1990, que essa forma peculiar de abuso começou a preocupar mais intensamente psicoterapeutas, sociólogos, jornalistas, teólogos, sobretudo nos Estados Unidos. Na Europa, reportagens, artigos e livros sobre esse tipo de abuso gravíssimo têm se multiplicado nos últimos quinze anos. Na América Latina e no Brasil, a tradução de algumas dessas obras estrangeiras e alguns livros pioneiros entre nós deram início à nossa própria tomada de consciência.

Trecho da Introdução do livro Abuso Espiritual, a manipulação invisível de Gabriel Perissé

Deixe um comentário