Então a mente se acha livre para viver.

A crença, o conceito pode ser uma ilusão, um mito, uma tolice, mas é a minha segurança. As pessoas acreditam em todo esse negócio de igrejas; isso é um verdadeiro mito, mas é a sua segurança. Sendo assim, eu encontro segurança em uma crença, ou em algum comportamento neurótico — pois comportar-se de maneira neurótica é também uma forma de segurança. Então o cérebro só pode funcionar livremente, plenamente, se estiver em completa segurança. Ele precisa ter segurança, quer ela seja real ou falsa, ilusória ou não-existente — e, assim, ele inventará uma segurança. Bem, percebo agora que não existe segurança em uma crença, em um conceito, em qualquer pessoa, em qualquer estrutura social, em qualquer líder, em seguir este ou aquele. Descubro que não existe segurança nisso. E adquiro segurança em ver, em ter idéias. A segurança está na ideia, não no conceito. Perceberam? Não a partir de mim, mas por vocês mesmos. Captaram o que eu quero dizer? Isso ficou claro para vocês? Temos, pois, o problema da mente ou do cérebro, que só pode funcionar em completa ordem, em completa segurança, em completa certeza; caso contrário, a pessoa se desarranja, torna-se neurótica. Vejo, portanto, que qualquer pessoa, inclusive eu, ligada a qualquer organização, que deposite sua fé numa organização, ou em um líder, age de maneira neurótica.

E qual é a segurança da mente que descartou tudo isso? Sua segurança está na idéia, que produz inteligência. Segurança é inteligência. Não é o conhecimento, nem a experiência, mas a certeza acerca do valor do conhecimento que é a capacidade de inteligência sustentada, e nisso reside a segurança. Essa inteligência, portanto, essa idéia jamais sente medo. Seria extraordinário se pudéssemos, todos juntos, compreender apenas isso: a natureza da plena consciência, a natureza da percepção, a natureza da compreensão. Porque então a mente se acha livre para viver. Para viver, não para viver em conflito, em batalhas, com suspeitas, medo, sendo ferida, e todas as outras desgraças.

Krishnamurti

Obs: não consegui encontrar um exemplar desse livro em inglês e não posso confirmar, mas desconfio que quando ele usa a palavra IDEIA ele parece querer se referir ao INSIGHT. Mas não posso ter certeza…

Trecho de um livro de Krishnamurti. No link você pode ler completo

https://archive.org/details/SobreAMenteEOPensamentoJidduKrishnamurti/page/n5/mode/1up

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