Se você deixar ir um pouco, terá um pouco de paz. Se deixar ir bastante, terá muito paz. Se deixar ir completamente, terá paz completa. Sua luta neste mundo terá chegado a um fim. (Ajahn Chaa)
Se há coisas que te fazem sofrer, você tem que saber como deixá-las ir. Felicidade pode ser obtida soltando, deixando ir, incluindo deixando ir suas idéias sobre felicidade. Você imagina que certas condições são necessárias para sua felicidade, mas olhando profundamente se revelará para você que essas noções são exatamente as coisas que ficam no caminho da felicidade e te fazem sofrer.
Um dia o Buda estava sentado na floresta com alguns monges. Eles tinham acabado de almoçar e já iam começar um Compartilhamento sobre o Dharma quando um fazendeiro se aproximou deles. O fazendeiro disse: “Veneráveis monges, vocês viram minhas vacas por aqui? Eu tenho dezenas de vacas e elas fugiram. Além disso, eu tenho cinco acres de plantação de gergelim e este ano os insetos comeram tudo. Eu acho que vou me matar. Eu não posso continuar a viver assim”.
O Buda sentiu forte compaixão pelo fazendeiro. Ele disse: “Meu amigo, me desculpe, não vimos suas vacas vindo nessa direção”. Quando o fazendeiro se foi, o Buda se voltou para seus monges e disse: “Meus amigos, sabem por que vocês são felizes? Porque vocês não têm vacas para perder”. (leia mais aqui desse texto de Thich Nhat Hanh)
O Mestre iniciou:
Entrar no Absoluto exige deixar o particular pra trás. Nós nos desengatamos ou desapegamos. Esse desapego não é feito pela pessoa, é feito de uma pessoa.
Todo apego implica medo, a suposição equivocada que algo precisa ser segurado.
É só quando o punho da morte é aberto que a verdadeira liberdade de todo medo por ser conhecida.
Todo desejo acontece por causa de um senso equivocado de insuficiência.
Todos as realizações de desejos são como uma refeição de arroz: pouco tempo depois e você está com fome de novo. Quando você percebe que não falta nada, que tudo que há é você e é seu, o desejo termina.
Desmonte o pêndulo do medo e desejo.
O chão debaixo de você é a Fonte e o Apoio.
~ Wu Hsin, em “Behind the Mind (the Short Discourses of Wu Hsin)” (2012) (leia mais…)
[…] Todos sabemos que as coisas mudam, mas quantos de nós vivem e agem a partir desse ponto de compreensão? Quando nós verdadeira e profundamente vemos a verdade da impermanência, nossos corações e mentes relaxam.
Ficaremos menos inclinados a nos agarrar às coisas, ou até mesmo aos nossos próprios desejos, tão desesperadamente. Ao afrouxarmos nosso agarrar àquilo que está sempre mudando, nós necessariamente deixamos ir a luta e, assim, deixamos ir o sofrimento. Podemos ver isso claramente com nossos corpos envelhecendo. Se estamos apegados que eles permaneçam de certo modo, então quando eles mudam por acidente, doença ou simplesmente velhice, sofremos.
Ajahn Chaa, um professor maravilhoso da tradição da floresta da Tailândia, expressou isso de modo bem simples: “Se você deixar ir um pouco, terá um pouco de paz. Se deixar ir bastante, terá muito paz. Se deixar ir completamente, terá paz completa. Sua luta neste mundo terá chegado a um fim”.
“One Dharma” (loc. 487) – Joseph Goldstein
Um comentário em “Ensinamentos sobre o Deixar Ir no budismo”