“Muitos mestres Zen disseram que não pensar é a chave para a meditação com mindfulness. Meditar não significa sentar-se quieto e pensar! Quando o pensamento toma a dianteira, perdemos contato com nosso corpo e com nossa consciência maior. Nós, humanos, costumamos nos prender exageradamente aos nossos pensamentos, ideias e emoções. Acreditamos que essas coisas são reais e que as deixar para trás seria como abrir mão da própria identidade.”
“Se você se parece com a maior parte das pessoas, provavelmente imagina existir algumas condições ainda não realizadas que devem ser alcançadas para que você possa ser feliz. Pode ser um diploma, uma promoção no trabalho, um aumento de salário ou uma mudança de status no seu relacionamento. No entanto, essa crença pode ser exatamente o que o impede de ser feliz. Para se livrar de tudo isso e abrir espaço para que a verdadeira felicidade se manifeste, em primeiro lugar você deve encarar a verdade de que esse ideal o faz sofrer. É possível que você conviva com ele há dez ou vinte anos sem nunca ter entendido que ele interfere na sua capacidade natural de ser feliz.”
“Deixar para trás implica livrar-se de alguma coisa. E essa coisa pode ser uma simples criação da mente, uma percepção ilusória sobre algo, mas não a realidade. Tudo é objeto da nossa mente, e todos os objetos são tingidos pelas cores da nossa percepção. Temos uma ideia e, sem percebermos, essa ideia nos tem como prisioneiros atrás de suas grades. Podemos ficar assustados por conta dela. Podemos até ficar doentes. É possível que essa ideia nos traga muita infelicidade e preocupação, e sentimos vontade de nos libertar. No entanto, querer se libertar não é suficiente. Precisamos nos oferecer espaço e calma suficientes para sermos livres. Algumas vezes, precisamos de um pouco mais de tempo para observar atentamente uma ideia ou emoção e descobrir suas raízes. A verdade é que as ideias vêm do nada, podendo ter sido formadas em nossa infância ou mesmo antes do nosso nascimento. Ao reconhecermos as raízes de uma ideia ou emoção, podemos começar a nos livrar dela. O primeiro passo é parar de pensar. Precisamos nos voltar à nossa respiração e acalmar nossos corpos e mentes. Isso nos proporcionará mais espaço e clareza para que possamos nomear e reconhecer a ideia, desejo ou emoção que nos perturba, cumprimentá-la e dar a nós mesmos a permissão para nos livrarmos dela.”
Trechos do livro Silêncio: O poder da calma em um mundo barulhento – Thich Nhat Hanh