O método ideal para superar a ditadura da razão, integrando harmoniosamente o pensamento às outras formas de energia, é a meditação.
Há muitas definições de meditação. Algumas complicam tanto que tornam a aplicação do método praticamente impossível. Simplificando, meditar é, na verdade, ficar sentado sem fazer nada!
Em outras palavras, trata-se de fazer o contrário do que nossa civilização industrial nos condicionou a fazer: viver fora, dirigir toda a nossa atividade para o mundo exterior e, por isso mesmo, reforçar a “fantasia da separatividade”.
A meditação, ao contrário, joga-nos para dentro. Trata-se de um retorno a si mesmo, de uma volta para nossa casa, para o próprio corpo. Essa aparente inatividade permite-nos uma observação cuidadosa e um espírito de abertura a tudo o que se passa.
Como chegar a esse estágio? Cada um desenvolve sua técnica: há os que se concentram sobre um pensamento ou uma imagem interior; outros preferem prestar atenção em sons ou objetos exteriores, como a luz de uma vela.
Quando se atinge tal condição, a fronteira entre o eu e o mundo se dissolve e, entre outros resultados, a paz interior se estabelece.
Numerosas críticas têm sido feitas ao método por pessoas que tiveram um contato superficial com o assunto ou foram mal orientadas. A principal objeção baseia-se na afirmação de que a meditação é alienante e leva à separação do mundo da produção.
É exatamente o contrário que ocorre. As pesquisas sobre esse assunto mostram que a meditação tem uma ação direta que melhora o nível mental nas seguintes funções: atenção, memória, equilíbrio emocional, sincronização das ondas cerebrais nos dois hemisférios e rendimento nas tarefas.
Como ela desperta nossa plena consciência, é o antídoto da alienação.
Penetrar em si mesmo durante cerca de vinte minutos a cada manhã e à noite não significa que a pessoa se isola do mundo exterior, mas que se esforça para estar mais aberta, mais consciente e menos mecânica que antes. Ou seja, menos alienada.
Os defensores da meditação insistem em não apresentá-la como uma fórmula mágica para acabar com os conflitos. Esclarecem que os problemas continuam a ocorrer como antes, mas podem, com meditação, ser resolvidos de maneira pacífica, amorosa e sábia. Um espírito sereno, diante de um problema, tem instrumentos para resolvê-lo pacificamente. Almas conturbadas, ao contrário, farão o conflito degenerar em violências e agressões.
A dança, em suas formas meditativas, como é o caso do tai chi chuan, pode ter efeitos benéficos semelhantes. Proveniente do taoísmo, ele continua, na China atual, a ser praticado por milhões de homens e mulheres.
Na África, na Ásia, na América Latina e no Oriente Médio, inúmeras danças rituais que levam ao transe consciente conseguem efeitos idênticos. Para concluir, as práticas meditativas levam ao que Abraham Maslow denominou de “experiências e estados culminantes”, que desbloqueiam e despertam os grandes valores humanos e espirituais.
Aparentemente maniqueísta, nossa classificação dos valores em comportamentos construtivos e destrutivos não é de maneira alguma uma avaliação absoluta. Sabemos que o novo se constrói a partir da destruição do velho edifício. Em outras palavras, sabemos que há formas destrutivas necessárias à construção da paz e dos estados de harmonia.
Trecho de A arte de Viver em Paz – Pierre Weil