A doutrina da ação: Agir sem aprisionamento

Quem fala abaixo é Kṛṣṇa no Bhagavad-gītā. Ele explica a Arjuna o que é a ação feita com total desprendimento.

Aqueles que desejam sucesso através de rituais védicos, sacrificam aos deuses aqui neste mundo, pois o sucesso resultante de tais rituais, de fato, vem rapidamente no mundo dos homens. Eu criei as quatro classes sociais de acordo com as divisões dos guṇa e modos de trabalho; embora eu seja o criador desse sistema, fica sabendo que eu sou eternamente um não realizador de ações. As ações não me contaminam, pois não tenho desejo por seus frutos; nem é, quem me entende como tal, aprisionado por ações. Como sabiam disso e desejavam a libertação, até os antigos recorreram à ação; portanto, tu também deves agir como os antigos fizeram no passado. O que é ação? O que é inação? Até os sábios estão confusos sobre esse assunto. Agora vou explicar o tema da ação para ti; ao entender isso, tu estarás livre do mal. É preciso saber o que é ação (karman), é preciso saber o que é ação imprópria (vikarman) e deve-se saber o que é inação (akarman), pois é realmente profundo o curso da ação. Aquele que vê a inação na ação e a ação na inação é considerado como iluminado entre os homens; apesar de realizar todos os tipos de ações, ele está conectado. Aquele cujos esforços são desprovidos de intenção de satisfazer o desejo incontrolável e cujo karman foi queimado no fogo do conhecimento, é chamado de homem instruído pelos sábios iluminados. Ao renunciar ao apego aos frutos da ação, sempre satisfeito e autossuficiente, embora envolvido em atividades de fato, ele não faz absolutamente nada. Livre de desejos e com sua mente controlada, tendo renunciado a toda ideia de possessividade e agindo apenas para as necessidades básicas do corpo, mesmo que envolvido em atividade, nenhuma reação maligna o toca. Aquele que está satisfeito com o ganho que vem por si mesmo, que transcende as dualidades, que é desprovido de inveja e aceita tanto os sucessos como os fracassos, não é aprisionado mesmo quando age.

Do Bhagavad-gītā

É isso. Agir sem interesse algum é um belo treino…

3 comentários em “A doutrina da ação: Agir sem aprisionamento

    1. Sim, bem difícil. O que gosto nisso é que quando a pessoa age sem desejo por dar certo ou não (o resultado) o peso da coisa meio que desaparece. A pessoa faz, e se afasta. É como jogar um pedra achatada num lago calmo, quantas vezes ela vai quicar? Por mais técnica e esforço empregado um simples vento muda tudo.

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