Uma Introdução à Meditação
Desde o começo da evolução humana neste planeta, as pessoas tem feito o seu melhor para serem felizes e aproveitarem a vida. Durante esse período, desenvolveram um número incrível de métodos diferentes para a busca desses objetivos. Entre esses métodos encontramos diversos interesses, diversos trabalhos, diversas tecnologias e diversas religiões. Desde a manufatura de um doce minúsculo à mais sofisticada nave espacial, a motivação subjacente é encontrar a felicidade. As pessoas não fazem essas coisas por nada. Em todo o caso, estamos todos familiarizados com o curso da história humana. Por trás de tudo isso está a busca constante da felicidade.
Entretanto, e nesse ponto a filosofia Budista é extremamente clara, não importa quanto progresso seja feito no desenvolvimento material, você nunca encontrará a felicidade e a satisfação duradouras, é impossível. O Buda afirmou isso categoricamente. É impossível encontrar a felicidade e a satisfação somente através de meios materiais.
Quando o Buda fez essa afirmação, ele não estava apenas mostrando um tipo de teoria intelectual cética. Ele havia aprendido isso através de sua própria experiência. Ele tentou de tudo: “Talvez isto me faça feliz, talvez aquilo me faça feliz, talvez esta outra coisa me faça feliz”. Ele tentou de tudo e chegou a uma conclusão, então delineou sua filosofia. Nenhum de seus ensinamentos é uma teoria seca, intelectual.
Naturalmente, sabemos que os avanços tecnológicos modernos podem resolver problemas físicos, como os ossos quebrados e a dor corporal. O Buda jamais diria que esses métodos são ridículos, que não precisamos de médicos ou da medicina. Ele nunca foi tão radical.
Entretanto, qualquer sensação que sentimos, dor ou prazer, é extremamente passageira. Sabemos disso através de nossa própria experiência, não é apenas teoria. Temos experimentado os altos e baixos de nossa existência física desde o momento em que nascemos. Às vezes somos fracos, às vezes somos fortes. Isso sempre muda. A medicina moderna pode definitivamente ajudar a aliviar as doenças físicas, mas ela nunca será capaz de curar a mente descontente, indisciplinada. Nenhum remédio conhecido pode trazer a satisfação.
A matéria física é impermanente por natureza. É passageira, nunca perdura. Conseqüentemente, tentar alimentar o desejo e satisfazer a mente descontente com algo que está mudando constantemente é irremediável, impossível. Não existe nenhuma maneira de satisfazer a mente descontrolada, indisciplinada através de meios materiais.
A fim de fazer isso, precisamos da meditação. A meditação é o remédio certo para a mente descontrolada, indisciplinada. A meditação é o caminho para a satisfação perfeita. A mente descontrolada é doente por natureza, o descontentamento é um tipo de doença mental. Qual é o antídoto certo para isso? É o conhecimento-sabedoria, compreender a natureza dos fenômenos psicológicos, conhecer como o mundo interior funciona. Muitas pessoas compreendem como uma máquina funciona, mas não têm idéia sobre o funcionamento da mente. Pouquíssimas pessoas entendem como funcionam seus mundos psicológicos. O conhecimento-sabedoria é o remédio que traz tal entendimento.
Toda religião promove a moralidade de não roubar, não dizer mentiras e assim por diante. Fundamentalmente, a maioria das religiões tenta conduzir seus seguidores à satisfação duradoura. Qual é a abordagem budista para cessar esse tipo de comportamento descontrolado? O Budismo não lhe diz apenas que engajarse em ações negativas é ruim. O Budismo explica como e porque é ruim fazer tais coisas. Apenas dizer-lhe que algo é ruim não o impede de fazê-lo. É ainda apenas uma idéia. Você tem que pôr tais idéias em prática.
Como você põe as idéias religiosas em prática? Se não houvesse nenhum método para fazê-lo, nenhuma compreensão de como a mente trabalha, você poderia pensar: “Sou uma pessoa má”, mas você ainda não conseguiria se controlar, não conseguiria impedir-se de realizar ações negativas. Você não pode controlar sua mente por simplesmente dizer: “Eu quero controlar minha mente”. Isso é impossível. Mas existe um método psicológico eficaz para alcançar tais idéias. É a meditação.
A coisa mais importante da religião não é a teoria, mas as boas idéias. Elas não trazem muitas mudanças para sua vida. O que você precisa saber é como relacionar essas idéias à sua vida, como colocá-las em prática. A chave para isso é o conhecimento-sabedoria. Com o conhecimento-sabedoria a mudança vem naturalmente. Você não tem que se espremer, se empurrar ou se bombardear. A mente indisciplinada, descontrolada surge naturalmente e, conseqüentemente, do mesmo modo surge o seu antídoto, o controle.
Como eu disse, se você vive em uma sociedade industrializada, sabe como as coisas mecânicas funcionam. Mas se tentar aplicar esse conhecimento à sua prática espiritual e fizer mudanças radicais à sua mente e comportamento, terá problemas. Você não pode mudar sua mente tão rapidamente quanto pode mudar as coisas materiais.
Quando você medita, faz uma investigação penetrante na natureza de sua própria psique para compreender os fenômenos de seu mundo interior. Por desenvolver gradualmente sua técnica de meditação, você torna-se mais e mais familiarizado com como sua mente funciona, com a natureza da insatisfação e assim por diante e começa a resolver seus próprios problemas.
Por exemplo, para manter sua casa arrumada e organizada, você necessita disciplinar suas ações até certo ponto. Da mesma forma, já que a mente insatisfeita é desordenada por natureza, você precisa de um determinado grau de compreensão e disciplina para endireitá-la. É aqui que entra a meditação. Ela o ajuda a compreender sua mente e colocá-la em ordem.
Mas a meditação não significa apenas sentar em algum canto sem fazer nada. Há dois tipos de meditação, a meditação analítica e a meditação concentrativa. A primeira envolve a auto-observação psicológica, a segunda envolve o desenvolvimento de uma concentração uni-focada.
Talvez você diga: “Concentração? Eu não tenho nenhuma concentração”, mas isso não é verdade. Sem concentração você não poderia sobreviver nem um único dia, nem mesmo poderia dirigir um carro. Toda mente humana tem pelo menos um nível superficial de concentração. Mas para desenvolvê-la ao seu potencial infinito, precisa de meditação – muita meditação. Por esse motivo todos devemos trabalhar a concentração que já temos.
É claro que, quando você perde o controle da sua mente, quando começa a ficar irritado ou sobrecarregado por alguma outra emoção, perde até mesmo a pouca concentração que já tem, mas ainda assim, a concentração uni-focada não é algo que não exista dentro de você. Não é impossível atingi-la, além do alcance, lá em cima no céu sem conexão com você. Você não tem que abordar a concentração como algo distante. Não é assim. Você já possui alguma concentração, apenas precisa desenvolvê-la. Então você poderá endireitar sua mente desordenada, dualista. A mente dualista não é integrada. Enquanto ela permanecer assim, ela continuará insatisfeita por natureza e, mesmo que pensar que é física e mentalmente saudável, você estará mentalmente doente.
Nós temos a tendência de interpretar a insatisfação apenas superficialmente. Dizemos: “Nunca estou satisfeito”, mas não compreendemos realmente o que a insatisfação é ou como funciona profundamente. Alguém sugere: “Você está insatisfeito porque você não teve leite suficiente de sua mãe”, e pensamos: “Ah, sim, provavelmente é esse o motivo”. Esse tipo de explicação para os problemas mentais está totalmente enganado, é uma concepção completamente errônea. Além disso, a insatisfação não vem das nossas fontes inatas, internas. Pode também vir de uma filosofia ou de uma doutrina.
De onde quer que ela venha, a insatisfação é um problema psicológico profundo e não necessariamente algo do qual se esteja conscientemente ciente. Você pensa que é saudável, mas então como pode ser que uma pequena mudança em suas circunstâncias faça com que você se apavore? É porque a semente dos problemas se encontra no fundo do seu subconsciente. Você não está livre dos problemas. Você apenas não tem consciência do que está em sua mente. Estar nesta situação é muito perigoso.
A meditação analítica, a verificação de sua própria mente, não é algo que exija uma grande fé. Você não precisa acreditar em nada. Apenas coloque-a em prática e experimente-a com sua própria mente. É um processo extremamente científico. O Buda ensinou que é possível para todas as pessoas alcançar o mesmo nível de visão, não materialmente, mas interiormente, em termos de realização espiritual. Através da meditação, todos podemos alcançar o mesmo objetivo percebendo a natureza última de nossa mente.
Muitas vezes percebemos que as pessoas tem receio de pessoas de outros países ou de outras religiões, elas desconfiam, sentem-se inseguras: “Eu não tenho certeza sobre ele”. Isso acontece porque não nos compreendemos uns aos outros. Se nós realmente compreendêssemos e nos comunicássemos uns com os outros, nossos medos desapareceriam. Nossa compreensão do que outras religiões ensinam e como elas afetam o desenvolvimento humano é muito limitada. Consequentemente, ficamos inseguros ao interagir com seus seguidores.
Não pensamos nada a respeito de um restaurante grande, que tenha um cardápio extenso. Pessoas diferentes apreciam comidas diferentes para aproveitarem suas vidas e ficarem satisfeitas. É a mesma coisa com a religião. Caminhos diferentes são necessários para as diferentes mentes das pessoas. Se você compreender isso, não se sentirá incomodado com os praticantes de outras religiões. Você irá aceitá-los como são.
Nosso problema é que não nos aceitamos como somos e não aceitamos os outros como são. Nós queremos que as coisas sejam diferentes do que são porque não entendemos a natureza da realidade. Nossa visão superficial, idéias fixas e concepções errôneas impedem que vejamos a realidade do que somos e de como existimos.
Com a meditação você pode descobrir como até mesmo as ações do corpo e da palavra são motivadas psicologicamente de modo descontrolado. Essa descoberta o conduz ao controle natural de todas as suas ações. Uma compreensão de seus impulsos psicológicos é tudo de que você precisa para tornarse seu próprio psicólogo. Assim não precisará recorrer aos outros como um bebê: “Eu estou bem? Você acha que estou ok?”. É infantil estar sempre perguntando a alguém se você está bem. Isso torna toda a sua vida como a de uma criança e você se sente sempre inseguro. Depender de outra pessoa para dizer-lhe que está bem apenas torna a sua vida mais difícil. Em todo o caso, na metade das vezes você não acreditará no que a outra pessoa diz, então por que fazê-lo? Tudo isso se transforma em uma piada ridícula.
Você deve conhecer cada aspecto da sua própria vida. Sua vida será mais integrada e você verá as coisas mais claramente. Uma visão parcial da vida só pode deixá-lo inseguro.
Existem muitos tipos de impulsos psicológicos levando você a fazer o que faz. Alguns deles são positivos, outros negativos. Em vez de simplesmente fazer o que quer que seus impulsos ditem, é melhor dar um passo para trás e se perguntar: “Por quê?”
Por exemplo, quando você tem uma dor de cabeça, em vez de se perguntar: “O que é esta dor de cabeça?”, pergunte: “Por que eu tenho dor de cabeça? De onde ela veio?”. Investigar a fonte da dor de cabeça é mais interessante do que simplesmente tentar descobrir o que ela é. Às vezes apenas compreender sua fonte pode fazê-la sumir. Apenas imaginar o que ela é pode nunca levar à sua compreensão. Tudo o que você vê é a sensação superficial, não sua origem ou raiz profunda.
Às vezes as pessoas pensam: “Estou envelhecendo a cada dia. Como será possível desenvolver a mente?” Se você pensa que sua mente envelhece e se degenera como seu corpo o faz, está errado. A maneira como a mente e o corpo funcionam e se desenvolvem é diferente.
A meditação não é necessariamente algum tipo de atividade sagrada, quando você medita não tem que imaginar coisas sagradas lá em cima no céu. Examinar simplesmente sua vida, desde o momento em que você nasceu até agora, olhar o tipo de trajetória que você fez e que tipo de impulsos psicológicos o tem impelido – isso é meditação. Observar sua mente é muito mais interessante do que assistir televisão. Uma vez que você tenha visto sua mente, você achará a televisão tediosa. Verificar em detalhe o que você tem feito desde que nasceu – não tanto suas ações físicas, mas os impulsos psicológicos que o guiam para fazê-las – é extremamente interessante e é o modo para se familiarizar com a forma como seu mundo interior funciona.
Analisar sua própria mente com seu conhecimento-sabedoria o tornará mentalmente saudável. É assim que você descobre que o seu prazer não depende do chocolate. Você pode estar feliz e satisfeito sem chocolate. Normalmente você tende a acreditar: “Enquanto eu tiver chocolate estarei feliz. Eu não posso ser feliz sem ele”. Você cria sua própria filosofia de vida com este tipo de determinação que vem do apego. Então, quando o chocolate desaparece, você fica nervoso: “Ah, agora estou tão infeliz”. Mas não é a ausência do chocolate que o está fazendo infeliz, são as suas idéias fixas. É a maneira como sua mente o engana e leva a acreditar que sua felicidade depende dos objetos externos. São seus impulsos psicológicos que o tornam mentalmente doente. As pessoas ficam com saudade de casa (do inglês homesick), não ficam? Bem, aqui está um novo tipo de doença: saudade de chocolate (choc-sick). Eu espero que entendam o que estou dizendo.
Naturalmente, isso é apenas um exemplo de como nossa mente tem idéias fixas. Em nossa vida, nos fixamos em milhares de ideias dessa maneira: “Se tiver isso, serei feliz; se tiver aquilo, serei feliz. Não posso ser feliz se não tiver isso. Não posso ser feliz se não tiver aquilo”. Nos fixamos nisso, nos fixamos naquilo, mas a vida é uma mudança constante, funcionando como um relógio automático. Você pode ver a impermanência simplesmente com a observação.
As idéias fixas nos sacodem, elas tornam nossa mente desconfortável, agitada e dividida. De acordo com o Buda, colocar uma fé forte nos objetos materiais, pensando: “Somente isso me fará feliz” é uma completa fantasia.
Quando você compreender seu relacionamento com o chocolate, você saberá que é impermanente. O chocolate vem, o chocolate vai, o chocolate desaparece. Isso é natural. Quando você compreender que é natural, você não terá medo. Se não, seu apego ao chocolate é uma rejeição à ordem natural. Como você pode rejeitar o mundo? “Eu quero permanecer com 16 anos para sempre”. Não importa o quanto você deseje que as coisas permaneçam as mesmas, você está pedindo o impossível. É uma concepção completamente errônea. Do ponto de vista budista, você está sonhando. Independentemente de você ter fé na religião ou rejeitá-la, você está sonhando.
Se você tiver a tendência psicológica de manifestar ideias, você é um crente. Mesmo que diga orgulhosamente: “Eu sou cético. Eu não acredito em nada”, isso não é verdade. Verifique: você é um crente. Apenas duas ou três perguntas provarão isso. Você acredita que algumas coisas são boas? Você acredita que algumas coisas são ruins? Claro que sim. Essas são crenças. Se não, o que é crença?
A crença é algo que você cria com sua própria lógica, independentemente de se estar certo ou não. Todos têm alguma razão para pensar: “Isto é bom, aquilo é ruim”. Mesmo se for completamente ilógico é razão suficiente para que algumas pessoas concluam: “Uau! Eu gosto disto”. Por causa disso, por causa daquilo, elas pensam: “Sim”. Essa é a idéia fixa, essa é a crença.
Eu não estou sendo cínico. Essa é minha própria experiência. Eu conheci muitos ocidentais céticos e verifiquei. Intelectualmente eles dizem: “Eu não acredito em nada”, mas faça duas perguntas a eles e você estará imediatamente exposto às muitas crenças que eles têm. Isso é experiência de vida, não alguma filosofia abstrata.
Eu não estou sendo cínico. Essa é minha própria experiência. Eu conheci muitos ocidentais céticos e verifiquei. Intelectualmente eles dizem: “Eu não acredito em nada”, mas faça duas perguntas a eles e você estará imediatamente exposto às muitas crenças que eles têm. Isso é experiência de vida, não alguma filosofia abstrata.
É importante saber disso. As pessoas fracas não conseguem encarar os problemas. A meditação é uma maneira de ajudá-las a tornarem-se fortes o bastante para enfrentarem seus problemas em vez de fugirem para longe deles. Ela permite que você encare os problemas e lide com eles habilmente.
De acordo com a filosofia do Buda e com a experiência de gerações de praticantes budistas, você não pode cessar os problemas simplesmente porque alguém diz: “Você tem este problema por causa disso, aquilo ou aquele outro”. Alguém interpreta algo para você, diz algumas palavras e de repente você vê a luz: “Ah, sim, obrigado, meu problema está resolvido”. Isso é impossível. A raiz dos problemas é demasiado profunda para que algo assim funcione. Essa é uma abordagem muito superficial para erradicar os problemas.
A raiz dos problemas não é intelectual. Se o fosse, se os problemas surgissem apenas das ideias, talvez uma sugestão para que você mude sua maneira de pensar e todos os seus problemas se acabem, pudesse funcionar. Entretanto, para superar a mente insatisfeita, indisciplinada e colocar um fim aos problemas psicológicos, você precisa se tornar o psicólogo. Ou seja, você precisa transformar-se em conhecimento-sabedoria.
Para se liberar, você deve conhecer a si mesmo, e conhecer a si mesmo é uma realização fantástica. Então, não importa aonde você vá – no alto do céu ou embaixo da terra – você terá as soluções dos problemas consigo.
O chocolate, por outro lado, não pode estar sempre com você. Em todo o caso, você sabe pela sua própria experiência que, não importa aonde vá, contanto que você traga sua mente insatisfeita junto com você, estará sempre infeliz. O lugar não é o problema. É a sua mente. Mesmo se você for à lua, você não poderá escapar de seus problemas. Sua mente insatisfeita ainda estará lá. Qual, então, é a razão de ir à lua se levar sua mente insatisfeita consigo? Nós pensamos: “Uau! A lua! Fantástico!”. Não é fantástico, é apenas outra ilusão.
Se você verificar mais profundamente, descobrirá que o que quer que você normalmente acredite ser fantástico- os prazeres dos sentidos e assim por diante não é, de forma alguma, fantástico. Você está apenas correndo em círculos, é a mesma velha ilusão, repetindo-se constantemente. Sua mente muda e você pensa: “Eu estou feliz”. Você fica entediado, você muda outra vez, e assim vai, e a pouca felicidade que experimenta nunca dura. Para experimentar a satisfação duradoura, a liberdade e a apreciação, você deve trazer sua própria sabedoria ao jogo e tentar estar totalmente consciente e ciente de seu próprio comportamento e dos impulsos que o levam a agir, sua motivação para fazer o que faz.
Se você fizer isso tornará sua vida humana poderosa, preciosa, realmente vantajosa. Se não, bem, é incerto se sua vida terá valor ou não.
Não é simples? Quão difícil é verificar sua mente? Você não tem que ir a um templo, não tem que ir a uma igreja. Em todo o caso, sua mente é o seu templo, sua mente é a sua igreja. Esse é o lugar onde você integra sua mente com o seu próprio conhecimento-sabedoria. É muito simples. E você não pode rejeitar o que estou dizendo: “Eu não preciso compreender meus próprios impulsos psicológicos”. Você não pode dizer isso. É da sua própria mente que estamos falando. Você tem que conhecer os seus próprios fenômenos psicológicos. Eles são parte de você. Tem que saber quem você é, sua própria natureza. O Buda nunca afirmou: “Você tem que conhecer o Buda”. Sua ênfase era: “Você tem que conhecer a si mesmo”.
Geralmente nós compreendemos que observar nosso próprio comportamento significa prestar atenção ao que fazemos fisicamente, mas os impulsos psicológicos não se traduzem necessariamente em ação. Para observar esses impulsos, que não se manifestam externamente e são, conseqüentemente, obscurecidos da visão, nós precisamos meditar. Quando meditamos profundamente, integramos ou unificamos a nossa mente, controlando desse modo, automaticamente, a agitação que se surge normalmente da visão dualista projetada por nossa percepção. Ou seja, nós podemos transcender nossa percepção. Todos nós podemos alcançar esse nível.
Portanto, verifique seu próprio potencial para compreender seus impulsos psicológicos e desenvolver a satisfação e a alegria eternas. Pela verificação você poderá alcançar conclusões. Sem verificar, nunca alcançará a conclusão inteira e sua vida se tornará insossa, incerta, insegura.
Por que não estamos em paz? Porque não estamos satisfeitos. Do ponto de vista budista, a mente insatisfeita é a culpada, é o problema real. A natureza da insatisfação é a agitação, ela funciona para perturbar a paz da nossa mente.
Analisando as coisas materiais em detalhe, as pessoas descobrem de onde elas vem e do que são feitas. Se você puser esse tipo de esforço em investigar seu mundo interior, encontrará a satisfação verdadeira.
Talvez isso seja suficiente e, se vocês não tiverem perguntas, eu direi simplesmente boa noite e muito obrigado.
Trecho do livro A Quietude Pacífica da Mente Silenciosa de Lama Yeshe