“Todas as promessas que temos ouvido são mera sedução. Esperamos que os ensinamentos resolvam todos os nossos problemas, esperamos receber meios mágicos para lidar com nossas depressões, dificuldades e fracassos sexuais. Mas, para nossa surpresa, começamos a compreender que isso não irá ocorrer. É muito decepcionante entender que devemos trabalhar em nós mesmos e com nosso sofrimento em vez de depender de um salvador ou dos poderes mágicos de técnicas iogues. […] Devemos nos permitir ficar decepcionados, o que significa a rendição de nosso próprio ego, de nossas próprias conquistas pessoais. […] É um contínuo desmascarar, um processo de retirar as máscaras camada após camada. Isso envolve injúria após injúria. […] Essa sequência de desapontamentos nos desencoraja a abandonar a ambição. Vamos nos desmoronando mais e mais até tocarmos o chão, até entrarmos em contato com a sanidade básica da terra. […] Quando estivermos ligados à terra, não haverá espaço para sonhos ou impulsos levianos e assim nossa prática finalmente se tornará viável.”
“Não há promessa de amor e luz ou visões de qualquer espécie – nem anjos, nem demônios. Nada acontece: é absolutamente chato. Às vezes você se sente bobo. Costuma-se fazer a pergunta: “Quem está brincando com quem? Estou em algo ou não? Você não está interessado em algo. Percorrer o caminho significa que você sai de tudo, não há lugar para se empoleirar. Sente-se e sinta a respiração, esteja com ela.”
Chogyam Trungpa em O Mito de Liberdade
E talvez os tempos em que o mundo está mais cinzento a prática é favorecida, pois as ilusões perdem um pouco do seu poder de nos capturar.
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