A compaixão é uma ameaça ao ego. Podemos pensar nisso como algo quente e calmante, mas na verdade é muito cru. Quando nos propomos a apoiar outros seres, quando chegamos ao ponto de ficar no lugar deles, quando aspiramos nunca nos fecharmos a ninguém, rapidamente nos encontramos no território desconfortável da “a vida não nos meus termos”. O segundo compromisso, tradicionalmente conhecido como Voto do Bodhisattva, ou voto do guerreiro, nos desafia a mergulhar nessas águas pouco aconchegantes e nadar além de nossa zona de conforto. Nossa disposição de assumir o primeiro compromisso é nosso passo inicial para relaxar completamente com a incerteza e a mudança. O compromisso é evitar palavras e ações que possam ser prejudiciais a nós mesmos e aos outros e, então, fazer amizade com os sentimentos subjacentes que nos motivam a causar danos em primeiro lugar. O segundo compromisso é construído sobre este fundamento: juramos nos mover conscientemente para a dor do mundo a fim de ajudar a aliviá-la. É, em essência, um voto de cuidar uns dos outros, mesmo que às vezes signifique não gostar da sensação.
– Pema Chödron