Não quero parecer misterioso nem defender “conhecimento secreto”. A realidade que corresponde a “Deus” e “vida eterna” é honesta, sem truques, simples e aberta para quem quiser enxergar. Mas enxergar demanda correção da mente, assim como ver com clareza às vezes demanda correção dos olhos.
Crença mais atrapalha que ajuda a descoberta dessa realidade, seja crença em Deus ou no ateísmo. Agora precisamos fazer uma distinção clara entre crença e fé, porque, na prática comum, crença passou a significar um estado de espírito quase oposto à fé. Crença, como estou usando a palavra, é a insistência de que a verdade é o que nós “apreciaríamos”ou o que gostaríamos que fosse. O crente abre a cabeça para a verdade sob a condição de que a verdade condiga com seus desejos e ideias preconcebidos. A fé, por outro lado, é a abertura sem reservas da cabeça para a verdade, seja lá o que acabar sendo verdade. A fé não tem ideias preconcebidas; é um mergulho no desconhecido. A crença agarra, mas a fé deixa ir e vir. Nesse sentido da palavra, fé é a virtude fundamental da ciência, assim como de qualquer religião que não seja autoenganação.
Alan Watts em A Sabedoria da Insegurança
Esse livro é extraordinário. É bastante impactante a noção de que fé não é uma esperança de que as coisas serão como eu quero, e sim a confiança de que está tudo sempre certo, independentemente daquilo que quero.
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