As pontes para fora que a mente usa para viajar

Os olhos, as orelhas, e assim por diante, são as pontes para fora que a mente usa para viajar no momento em que você vê campos visuais, ou ouve sons. Como você pode exercitar o cuidado e a contenção em relação às portas sensoriais para que elas fiquem sob o poder de sua mindfulness? É algo que você tem que assistir e observar para ver os resultados que vêm de olhar e ouvir com mindfulness. Se você não usar seus poderes de observação e avaliação, você tende a se agarrar às sensações que você viu ou ouviu. Em seguida, você as rotula e fabrica coisas a partir delas, e continua se agarrando às coisas a cada passo do caminho, até que a mente esteja num verdadeiro tumulto: tudo por causa do poder de seus amores e dos seus ódios. Observe as sensações que surgem em cada uma das portas sensoriais para ver que são apenas sensações que acontecem, pura e simplesmente. Não somos nós que estamos sentindo essas coisas. Por exemplo, o olho vê formas. Não somos nós que as vemos. Há simplesmente a visão das formas por meio da consciência ocular, pura e simples. Nesse ponto, ainda não há nenhuma rotulagem do campo visual como sendo bom ou ruim. Ainda não há nenhuma fabricação de pensamento seguindo a sensação de contato. Nós simplesmente observamos a sensação simples e depois paramos bem ali, para ver as características da sensação quando ela desaparece ou como ela é substituída por uma nova sensação. Continuamos observando o desaparecimento das sensações, continuamos observando até vermos que esta é simplesmente a natureza dos olhos e dos ouvidos: registrar sensações. Dessa forma, não nos prendemos às sensações até acabarmos por dar origem ao sofrimento e ao stress da maneira que costumávamos. Se não observarmos cuidadosamente para ver este natural surgimento e desaparecimento, tendemos a misturar tudo. Por exemplo, quando o olho vê, assumimos que somos nós que vemos. As coisas que vemos nos agradam, ou não nos agradam, dão prazer ou dor, e, nós nos prendemos a elas até o ponto em que elas corrompem a mente. Se você não for cuidadoso e observador, tudo o que entrar através das portas dos sentidos se transforma em fabricação mental e terá um efeito sobre a mente. Isto dá origem ao sofrimento, porque você não está ciente de como essas coisas surgem, permanecem e desaparecem, cada vez que o olho vê campos visuais, o ouvido ouve sons, e assim por diante, tudo isso sob o poder de seus apegos. Como podemos começar a nos desfazer dessas coisas para não permanecermos apegados? Como devemos ter mindfulness ao olhar e ao escutar? Temos que observar a mente para ver que, quando há mindfulness no momento em que vemos um campo visual, a mente pode permanecer neutra. Ela não tem que ficar satisfeita ou insatisfeita. Se tivermos mindfulness quando o ouvido ouve sons, poderemos ter certeza de que a mente não estará satisfeita ou insatisfeita com os sons. O mesmo vale com cheiros, sabores, sensações táteis e ideias. Temos que focar na mente, que é o fator de controle, a raiz. Se exercitarmos a contenção sobre a mente, então isso, por si só, mantém todas as portas dos sentidos contidas. O olho será contido ao ver campos visuais: o envolvimento em ver ficará mais curto. Quando a orelha ouve sons, a mente poderá permanecer neutra, pois ela foca em estar alerta ao surgimento e ao desaparecimento de sons, ou sobre a sensação dos sons, como ele constantemente vem e vai. Tudo isso depende de qual abordagem o ajuda a permanecer atento ao contato sensorial.

Do livro Um Conhecimento Desemanharado, Upasika Kee Nanayon. Esse livro é grátis e pode ser baixado aqui

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