Filtro de negatividades

O trabalho básico da atenção plena (mindfulness) é colocar um filtro na sua mente. Você observa seus pensamentos e quando nota que está pensando coisas ruins sobre si mesmo, ou sobre os outros, você somente diz “julgando” e os pensamentos vão embora. Se você fica frustrado com você mesmo e se pega se julgando muito, então você diz “julgando” e esses pensamentos vão embora.

Observar individualmente cada pensamento é um bom filtro. Observar seus humores é um nível diferente de filtragem. Se você percebe que está com um péssimo humor sabe que é preciso estar mais alerta para observar esses pensamentos negativos. Você pode observar se os pensamentos estão causando esse estado de espírito ou se seu humor está causando os pensamentos. Quando notar que está de mau humor e perceber os pensamentos negativos somente diga “julgando” que o pensamento irá embora. Talvez o mau humor irá junto.

Traduzido de Zen Mister Peter Taylor – autorizado pelo autor http://zenmister.tumblr.com/post/69556152118/negativity-filter

Texto complementar para entender a técnica de rotular o sentimento ou pensamento:

Dizer internamente “pensando” constitui um ponto muito interessante da meditação. Nesse momento, podemos treinar conscientemente a suavidade e o desenvolvimento de uma atitude de julgamento. A palavra sânscrita para bondade amorosa é maitri, também traduzida como amizade incondicional. Portanto, sempre que dizemos a nós mesmos “pensando”, estamos cultivando essa amizade incondicional por tudo que surge na mente. Esse método simples e direto de despertar é extremamente precioso, já que esse tipo de compaixão incondicional não é fácil de alcançar.

Às vezes, sentimos culpa. Às vezes, somos arrogantes. Em outras, nossos pensamentos e lembranças os aterrorizam e nos tornam muito infelizes. Os pensamentos cruzam nossa mente o tempo todo e, quando sentamos, estamos dando a todos eles muito espaço para que surjam. Como nuvens em um céu amplo ou ondas em um vasto mar, estamos dando a todos os nossos pensamentos espaço para que apareçam. Quando um deles atrai nossa atenção e nos arrebata, quer seja agradável ou desagradável, devemos rotulá-lo “pensando”, com toda a abertura e bondade que pudermos reunir, e deixar que ele se dissolva no amplo céu. Não há problema se as nuvens e ondas imediatamente retornam. Simplesmente reconhecemos sua existência mais uma vez, com amizade incondicional, rotulamos “pensando” e deixamos que elas se dissolvam continuamente.

Às vezes, as pessoas usam a meditação para tentar evitar mais sentimentos ou pensamentos perturbadores. Tentamos usar o rótulo como uma forma de afastar o que nos incomoda e, quando nos conectamos com algo prazeroso ou inspirador, podemos achar que finalmente conseguimos e tentamos ficar nesse ponto onde há paz, harmonia e onde não temos nada a temer.

Portanto, desde o início, é bom lembrar sempre que meditar relaciona-se com abrir e relaxar, surja o que surgir, sem selecionar ou escolher. Definitivamente, não significa reprimir nada e também não tem a finalidade de estimular o apego. Allen Ginsberg usa a expressão “mente surpresa”. Você senta e — opa! — surge uma surpresa bem desagradável. Tudo bem. Quem seja assim. Não devemos rejeitar esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como “pensando” e deixar que ele vá. Então — opa! — aparece uma surpresa muito agradável. Tudo bem. Que seja assim. Mais uma vez, não devemos nos apegar a esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como “pensando” e deixar que ele vá. Percebemos que essas surpresas não têm fim. Milarepa, yogi tibetano do século XII, cantava maravilhosamente suas canções sobre a forma correta de meditar. Uma delas dizia que há mais projeções na mente que partículas de poeira em um raio de sol e que nem mesmo centenas de lanças podem pôr fim a isso. Portanto, como meditadores, também podem parar de lutar contra nossos pensamentos e perceber que honestidade e senso de humor são muito inspiradores e úteis contra ou a favor de algo.

De qualquer forma, o objetivo não é tentar livrar-se dos pensamentos, mas ver sua verdadeira natureza. Ficaremos dando voltas inúteis com nossos pensamentos se acreditarmos em sua solidez. Na verdade, eles são como imagens de sonho. São como uma ilusão — não são tão sólidos assim. Como dizemos, são apenas pensamentos. (Pema Chödrön em Quando Tudo se Desfaz)

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