COMEÇANDO A MEDITAR, OS PRIMEIROS PASSOS – Jetsunma Tenzin Palmo

COMEÇANDO A MEDITAR, OS PRIMEIROS PASSOS

Por Jetsunma Tenzin Palmo

A meditação tem três partes, e elas são fáceis e simples.

Começando a meditar, primeiro passo

Quer esteja sentado em uma almofada ou em uma cadeira, sente-se ereto. O importante é manter as costas retas e os pés apoiados no chão. Erga os ombros, leve-os para trás e baixe-os novamente, dessa maneira você fica em uma boa postura. Agora, apenas relaxe. Caso contrário, irá se cansar.

Concentre a sua atenção do vai e vem da respiração. A respiração é um bom foco para a prática porque existe uma forte ligação entre a respiração e o nosso estado mental. Fique ciente de sua respiração conforme ela vem e vai. Com a respiração como foco, você estará presente. Você não consegue respirar no passado ou no futuro. Você só pode respirar no agora. Normalmente, não temos consciência dela, trazemos a nossa mente para o presente. Esse é um meio hábil. Você pode tomar consciência da sua respiração durante o dia a dia, a qualquer momento: dirigindo, andando, sentado no computador, mesmo enquanto estiver falando. Inspirando, expirando. E isso em si é uma meditação. Nem é necessário sentar-se ereto, mantendo uma postura formal.

De acordo com a tradição tibetana, deve-se ser capaz de manter a mente unifocada em 21 respirações, sem se distrair. Os pensamentos não são o problema. Seguir e identificar-se com os pensamentos é o problema. Pensamentos podem ser como um rio e nós, muitas vezes, ficamos no meio desse rio, sendo jogados para cima e para baixo. Tomar consciência dos pensamentos é uma forma de sair desse rio. Quando sai da corrente do rio, você pode concentrar a sua atenção no que esta em primeiro plano: na respiração, na entrada e na saída do ar, e especialmente na expiração. Você pode contar um quando inspira, dois quando expira. Não dê nenhuma atenção aos pensamentos que estão no fundo da mente. Se, por acaso, você pular de volta no rio e for arrastado, vá para a margem e comece de novo.

Um quando inspira, dois quando expira. Mantenha a mente bem relaxada, centrada, concentre-se apenas na respiração, conforme o ar entra e sai. E isso é tudo o que você tem que fazer. Agora, nada mais no mundo importa, a não ser inspirar e expirar, e saber disso.

Começando a meditar, segundo passo

Agora, tome esse foco de consciência que está centrado na respiração e volte-o para dentro, para os seus próprios pensamentos. Nossos pensamentos estão constantemente fluindo, a cada momento. O conteúdo do rio muda o tempo todo. Mas, agora, como estamos muito relaxados, podemos sair do rio e descansar na margem. Podemos apenas observar o rio passar sem mergulhar nele.

Nessa ocasião não julgamos os nossos pensamentos. Não ficamos pensando que esse é um pensamento inteligente, ou um pensamento terrível, estúpido ou interessante – são apenas pensamentos. Quaisquer que sejam os pensamentos que surjam dentro de nós, quaisquer que sejam os sons que surjam fora de nós, são apenas pensamentos, apenas sons, e não são importantes. O que é importante é a qualidade conhecedora, a qualidade conhecedora que está centrada no fluxo de pensamentos. Normalmente, quando estamos pensando, nós somos os pensamentos. Mas agora recuamos e nos tornamos testemunhas dos pensamentos, observadores. Portanto, há a corrente de pensamentos e há aquele que esta ciente da corrente de pensamentos. Mantenha a mente bem relaxada, mas muito centrada, apenas observe os pensamentos conforme eles fluem e não se envolva com eles. Tente isso por cinco minutos e veja o que acontece.

Seja qual for o som que você ouça, é apenas um som, e não é importante. Não siga. Seja qual for o pensamento que surja em sua mente, é apenas um pensamento. Não fique fascinado pelos pensamentos, não os siga. Continuei apenas sentado na margem. Veja se consegue realizar uma espécie de separação na mente, entre o fluxo de pensamentos e a consciência conhecedora.

Começando a meditar, terceiro passo

O terceiro passo é o mais fácil de todos. Simplesmente, repouse nessa consciência. Pode ser que você pense que não tem consciência de nada, mas o próprio fato de poder pensar e saber que está pensando é uma manifestação da consciência. No entanto, normalmente, não estamos conscientes de estarmos conscientes. Basta sentar-se e ter consciência de estar consciente. Não há absolutamente nada para fazer.

Queremos estar sempre fazendo alguma coisa, e esse é o problema. Sempre pensamentos ”O que eu faço agora?”. Não há nada a fazer, não há nada em que se concentrar, não há nada, além de estar neste momento, do jeito que ele é. Tecnicamente falando, se quiser um nome oficial para esse tipo de meditação, ela é chamada de ”repousar na natureza da mente”. A maneira mais rápida de parar de sofrer é reconhecer a ausência de identificação com pensamentos e sentimentos. Normalmente, tentamos superar nossa insatisfação subjacente nos distraindo. Tentamos fortalecer nosso senso de ego, alimentando-o com o máximo de prazer possível. Nos distraímos interminavelmente para não precisarmos ver que por baixo de tudo há uma insatisfação profunda. Nos EUA por exemplo, país que tem um alto grau de prosperidade material, é notória a impressão de que praticamente todas as pessoas que podem pagar parecem ter seu próprio terapeuta ou psiquiatra particular, da mesma forma que teu seu proprio dentista ou médico. Então, esta claro que ter muito prazer e conforto não basta para encobrir o desconforto subjacente ou o que Buda chamou de dukkha.

Na verdade, ”desconforto” é uma boa tradução para dukkha, que é o oposto de sukha, ou seja, ”conforto”, aquilo que é aparentemente suave e agradável. Quando reconhecemos dukkha, o desconforto, dentro de nós mesmos, passamos a reconhecer o quanto estamos doentes com os 3 venenos do desejo, ódio e confusão. A renúncia é uma questão de soltar. E a renúncia absoluta é liberar a fixação a um eu autônomo, duradouro e separado, que está no centro do universo.

Uma das maneiras mais rápidas de obter a realização é realmente observar a mente – observar os pensamentos e ver que não somos nossos pensamentos. Existe algo por trás dos pensamentos: existe uma consciência por trás das idas e vindas dos pensamentos. E é a isso que devemos prestar mais atenção, especialmente durante a prática. Nossa mente é como um computador inteligente. Podemos programa-lo muito bem, mas essa não é a energia motriz do computador. Precisamos reconectar com a energia que está por trás do computador, e a meditação é uma maneira de nos trazer de volta a isso. A fonte de energia é imensa. Nosso computador é apenas um pequeno computador, mas essa energia é vasta e todo-abrangente.

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