Trechos (2) de De olhos bem abertos: cultivando o discernimento no caminho espiritual – Mariana Caplan

Para aqueles de nós que têm em comum um compromisso de toda uma vida com o caminho, a má notícia é muitas vezes uma boa notícia, pois é o próprio processo de aprender a ver o que não conseguíamos enxergar antes que marca o despertar da nossa consciência e o cultivo mais autêntico do discernimento. Quando conseguimos ver realmente que somos inconscientes porque essa é a própria condição humana, e não porque fizemos alguma coisa errada, ficamos cada vez mais interessados no desafio interminável de nos tornarmos cada vez mais conscientes. Sabemos que nossa capacidade de curar a nós mesmos e aqueles que amamos, e o nosso mundo, é diretamente proporcional a nosso grau de consciência.


Desenvolver uma postura mental saudável da forma descrita neste capítulo é tanto um pré-requisito para cultivar o discernimento no caminho espiritual quanto uma fruição dos nossos esforços. Impossível exagerar o quanto o cultivo da atitude é essencial para fazer uma viagem bem sucedida pelo caminho espiritual.


Precisamos ficar confiantes e ser guerreiros, usando nossa capacidade de perseverar para fornecer combustível a nossos esforços e superar obstáculos. Somos chamados constantemente a nos lembrar do que estamos fazendo, e porquê, e a nos manter concentrados em nossa tarefa, imóveis diante de distrações que nos tentam a abandonar nosso propósito mais amplo. Dessa forma, diz Patanjali, é revelado o conhecimento profundo que existe dentro de nós.


Quando eu era uma recém-iniciada no caminho, um discípulo mais velho, que estava com meu mestre há muitos anos, perguntou-lhe: “A minha vida espiritual vai ser bem sucedida se eu conseguir aprender a ser bom, generoso e compassivo?” Senti pena deste homem, porque eu estava ali para me iluminar e ele só estava querendo aprender a ser bom, generoso e compassivo. Precisei de muitos anos para ter uma ideia do desafio que é ser sempre uma pessoa boa – para aprender que sermos de fato generosos com o nosso tempo, energia, recursos e amor é a exceção, e não a regra, e que a verdadeira compaixão é um estado muito elevado do ser, alcançado raramente. Muitos de nós gostam de pensar que são pessoas compassivas, mas tendemos a subestimar enormemente o quanto é rara e valiosa a compaixão verdadeira – o ato de pôr regularmente os outros acima de nós.

Trechos de De olhos bem abertos: cultivando o discernimento no caminho espiritual – Mariana Caplan

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