Para além da prática da meditação existe a atitude. Um iniciante deve aprender a cultivar aquilo que é chamado de “estabilidade de um homem morto”. O que é essa estabilidade? É a estabilidade de saber o que é importante e o que não é, de aceitar e perdoar. Qualquer um que já tenha estado ao lado da cama de um homem moribundo entenderá esse equilíbrio. O que faria um homem moribundo se alguém o insultasse? Nada. O que o homem moribundo faria se alguém lhe batesse? Nada. Quando ele está lá, deitado, estaria planejando se tornar famoso ou rico? Não. Se alguém que o tivesse ofendido chegasse e pedisse o seu perdão, ele não daria? É claro que daria. Um homem moribundo compreende a falta de sentido da inimizade. O ódio é sempre um sentimento desprezível. Quem deseja morrer sentindo ódio em seu coração? Ninguém. Quem está morrendo busca o amor e a paz.
Houve um tempo em que o homem moribundo entregava-se aos sentimentos de orgulho, cobiça, luxúria e raiva, mas, agora, esses sentimentos já se foram. Houve um tempo em que ele se entregava aos maus hábitos, mas, agora, ele está livre deles. Ele nada carrega. Ele se livrou de seu fardo. Ele está em paz.
Caros amigos, quando tivermos dado nossa última respiração, esse nosso corpo físico se tornará um cadáver. Se procurarmos, agora, considerar esse corpo físico como um cadáver, aquela paz nos chegará mais cedo.
Se considerássemos cada dia de nossa vida como se fosse o nosso último dia, não desperdiçaríamos um precioso minuto em buscas frívolas, em resmungos ou raivas prejudiciais. Não deixaríamos de mostrar amor e gratidão para aqueles que foram gentis conosco. Não evitaríamos mostrar nosso perdão por qualquer ofensa, pequena ou grande. E se nos enganássemos, não buscaríamos o perdão, mesmo que fosse nossa última respiração?
Trecho de Nuvem Vazia: Os Ensinamentos Zen de Hsü Yun
Valioso ensinamento. Obrigado!
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