Certa vez, durante a vida de Xaquiamuni Buda, Um monge veio a ele e, após haver se prostrado, disse:
– Por que a vida passa tão rapidamente?
Buda respondeu:
– Mesmo que eu explicasse, você não entenderia.
O monge então pediu:
– Será que não há uma parábola que explique claramente?
Buda respondeu:
– Sim, há. Vou dizer. Suponha que existam quatro ótimos arqueiros que, apanhando seus arcos e flechas se pusessem de costas uns aos outros a fim de atirar suas flechas em cada uma das quatro direções. Se, nesse momento, uma corredora rapidíssima viesse e dissesse: –‐“Atirem suas flechas simultaneamente e eu as apanharei antes que caiam no chão”. Você acha que seria uma corredora rápida?
O monge respondeu:
– Sem dúvida, Bhagavata.
Continuando sua explicação, Buda disse:
– Embora tal pessoa seja uma corredora velocíssima, ela não se iguala a um yaksa correndo no chão e este não se iguala a um yaksa voando no ar o qual não se iguala aos reis dos quatro cantos. Mesmos esses reis não podem correr tão rápido quanto as carruagens do sol e da lua as quais não se igualam aos seus ajudantes celestiais. Embora todos os precedentes sejam velocíssimos, não se comparam à vida, que, sem um só momento de pausa, está constantemente nascendo – morrendo. (nota da tradução – Daibibasharon, capítulo 136)
A sutileza do surgir, desaparecer e fluir instantâneo do curso de nossa vida é assim. Momento após momento, praticantes do Caminho de Buda não devem se esquecer deste princípio. Se constantemente nos lembrarmos do surgir–‐desaparecer, fluir instantâneo, e fizermos o voto de ajudar outros a cruzar para a outra margem antes que nós mesmos o façamos, a vida eterna imediatamente se apresentará bem à nossa gente.
Em Acordar para a mente iluminada – em Shobogenzo, de Mestre Dogen Zenji (1200-1254)