Para entender como surge a ilusão, pratique observar sua mente. Comece simplesmente deixando-a relaxar. Sem pensar no passado ou no futuro, sem sentir esperança ou medo sobre isso ou aquilo, deixe-a descansar confortavelmente, aberta e natural. Neste espaço da mente, não há problema, não há sofrimento. Então, algo chama sua atenção – uma imagem, um som, um cheiro. Sua mente se divide em interno e externo, self e outro, sujeito e objeto. Em simplesmente perceber o objeto, ainda não há problema. Mas quando você se concentra nele, percebe que é grande ou pequeno, branco ou preto, quadrado ou circular; e então você faz um julgamento – por exemplo, se é bonito ou feio. Tendo feito esse julgamento, você reage a ele: você decide se gosta ou não gosta. É aí que o problema começa, porque “Eu gosto” leva a “Eu quero”. Queremos possuir o que percebemos ser desejável. Da mesma forma, “Eu não gosto” leva a “Eu não quero”. Se gostamos de algo, queremos e não podemos ter, sofremos. Se não queremos, mas não podemos afastar, sofremos novamente. Nosso sofrimento parece ocorrer por causa do objeto de nosso desejo ou aversão, mas não é realmente assim – isso acontece porque a mente se divide na dualidade objeto-sujeito e se envolve em querer ou não querer algo.
~ Chagdud Tulku Rinpoche