Desperdiçando energia para transformar o que é.

Assim, a mente, que está absolutamente quieta, tem espaço sem nenhum objeto dentro dela. No momento em que existe um objeto, esse objeto cria espaço ao seu redor e, portanto, não há espaço. Você entende isso?

Quando há, na mente de alguém, um objeto, uma crença, medo, a demanda persistente por prazer – objetos – então cada objeto cria seu próprio pequeno espaço ao seu redor. E tentamos expandir esses pequenos espaços, esperando capturar o grande espaço. Assim, a mente que está completamente quieta tem um espaço no qual não há objeto e, portanto, atenção, não sobre algo, ou atenção para algo, simplesmente um estado de atenção. E se você notar, quando há atenção, há um espaço extraordinário. É somente quando não há atenção que o objeto se torna importante. Portanto, a atenção não é uma questão de cultivo, ir a uma escola para aprender a ficar atento, ir ao Japão ou à Índia ou a alguma cidade do Himalaia e aprender a ficar atento, o que é manifestamente tolo, mas a atenção é esse extraordinário senso de espaço. . E isso não pode existir quando a mente não está completamente quieta. E esta quietude é harmonia total.

Então a mente não está dissipando energia. Agora nós dissipamos energia – nas disputas, nas fofocas, nas brigas – entende? – de dezenas de maneiras. E precisamos de uma energia tremenda para transformar o que é – o que é, é minha raiva, sua raiva, sua ambição, sua ganância, sua inveja, o desejo de poder, posição, prestígio – o que é. Para ir além do que é, você precisa de uma energia tremenda. Mas você não tem energia se estiver lutando com o que é.

Então a vida é um movimento em harmonia quando há essa energia que foi além do que é. Porque a atenção é a concentração da energia total. E tudo isso é meditação. E alguém pergunta: há algo além de todo pensamento, algo que não é mensurável, não pode ser nomeado, que nenhuma palavra pode descrever – há algo assim? Como você vai descobrir?”

J. Krishnamurti
Trecho da 7ª Palestra Pública em Saanen, 1972